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Os déficits cognitivos na esquizofrenia costumam ser os primeiros avisos sobre a presença do transtorno. Acendem o primeiro sinal de alerta de que algo está acontecendo, complicando, em muitos casos, o diagnóstico diferencial.


Os déficits cognitivos na esquizofrenia podem ser graves e estão associados a problemáticas funcionais. Por outro lado, as causas destes déficits não estão claras, e não compõem um perfil neuropsicológico específico.

esquizofrenia

É preciso destacar que estes déficits não parecem ser produto dos sintomas positivos (alucinações, transtornos do pensamento, ideias delirantes, entre outros) que acompanham o transtorno.

Até o momento, não foi comprovado que exista uma relação direta entre a severidade das alucinações ou delírios e a gravidade dos déficits cognitivos.

De fato, as alterações cognitivas – atenção, orientação, memória, etc – costumam ser detectadas antes que se iniciem os sintomas propriamente psicóticos, constituindo o quadro que acende os sinais de alerta.
Por outro lado, cabe destacar que algumas alterações cognitivas, como as de atenção e de memória do trabalho, estão presentes e permanecem estáveis após um episódio psicótico.

Aparentemente, as alterações cognitivas são independentes dos sintomas positivos, e também não parecem ser causadas pelos sintomas negativos da esquizofrenia.

Alguns casos em que os pacientes receberam alta após um período longo de hospitalização mostraram que os sintomas negativos (relacionados com a forma como a pessoa se comporta socialmente) podem chegar a melhorar enquanto os transtornos cognitivos se mantêm ou até chegam a piorar. São dois aspectos relativamente independentes.

As alterações cognitivas e os sintomas negativos estão muito relacionados; por outro lado, devido à quantidade de interações que podem ocorrer, não se trata de uma associação fácil de analisar.

No geral, a perda de interesses, de atividades e a desconexão com um projeto incidem sobre as capacidades cognitivas de cada pessoa. Portanto, a conjunção destas variáveis pode influenciar o prognóstico de forma mais significativa.
Déficits cognitivos na esquizofrenia: efeitos
As alterações cognitivas na síndrome da esquizofrenia podem ser graves. Elas limitam a autonomia pessoal e estão associadas a uma perda funcional nas atividades da vida diária:

Podem afetar o funcionamento social devido aos déficits da memória declarativa e da capacidade de atenção sustentada. Isso supõe um obstáculo para manter conversas e se relacionar com outras pessoas.
Podem afetar o funcionamento ocupacional pelos déficits das funções executivas, da memória declarativa, da memória de trabalho e da atenção sustentada. Fica comprometida a capacidade de concentração, de reter informação e de aprender atividades novas.
Podem afetar a capacidade de viver de forma independente pelos déficits das funções executivas, da memória declarativa e da memória de trabalho. Incidem sobre a capacidade de realizar tarefas cotidianas, como cozinhar, comprar, manter hábitos de higiene, entre outras.
A pessoa com esquizofrenia pode ter dificuldade para prestar atenção e para processar informação na tomada de decisões, ou problemas para usar a informação de forma imediata depois de aprendê-la.

Déficits cognitivos na esquizofrenia: causas
Não se sabe quais são as causas dos déficits cognitivos na esquizofrenia. Os pesquisadores já chegaram a considerar a possibilidade de que estes transtornos cognitivos sejam consequência do tratamento com antipsicóticos. No entanto, não há dados que consolidem esta hipótese.

Os antipsicóticos convencionais mostraram um efeito positivo, embora moderado, em alguns processos psicológicos básicos, como a atenção. A parte negativa é que eles podem afetar a destreza motora.


Portanto, até o momento não se sabe se o tratamento com antipsicóticos é causa ou a solução dos déficits cognitivos nas pessoas com esquizofrenia. É necessário fazer um aprofundamento do tema e conduzir novos estudos para entendê-lo.

Em 2018, pesquisadores da Universidade do País Basco UPV/EHU publicaram um estudo que avaliou a eficácia de vários medicamentos para retardar a deterioração cognitiva de pacientes com Alzheimer. Para fazer isso, foram avaliadas as melhorias significativas nas alterações cognitivas que os pacientes com esquizofrenia apresentaram.

Por meio de uma análise de nove ensaios clínicos realizados em todo o mundo, os pesquisadores determinaram uma série de melhorias metodológicas para o estudo de medicamentos que garantam a recuperação funcionam destes pacientes.

Os transtornos cognitivos em pacientes com esquizofrenia costumam ser detectados antes do tratamento antipsicótico.


Tratamentos não farmacológicos
Um dos principais problemas é que os medicamentos são úteis para o tratamento dos sintomas positivos. Por outro lado, não costumam ter muito sucesso diante dos sintomas negativos. No entanto, estes podem ser tratados com outros tipos de terapias não farmacológicas.

Por exemplo, para tratar problemas de atenção, a terapia ocupacional pode ajudar o paciente a melhorar a atenção dirigida e a concentração por meio da realização de exercícios de estimulação, concentração e trabalhos manuais.

É importante e imprescindível que qualquer tipo de tratamento, seja ou não farmacológico, se adapte às necessidades pessoais de cada paciente.

Não se pode esquecer que, apesar de terem sido constatadas algumas alterações tanto anatômicas quanto neuroquímicas e funcionais, até o momento é impossível estabelecer um perfil neuropsicológico geral para pacientes que sofrem de esquizofrenia devido à heterogeneidade do transtorno.

 

A mente é maravilhosa