Há pouco mais de um mês o município de Floriano-PI teve a realização de uma cirurgia que ainda não tinha sido realizada por meio de vídeo, e sim, somente de forma que o paciente tinha que ser aberto. A informação é do cirurgião geral Marlon Moreno.
A imprensa só teve conhecimento agora, após mais de trinta dias, porque os profissionais que realizaram os procedimentos cirúrgicos estavam aguardando a boa recuperação do paciente. A informação foi repassada com exclusividade ao portal piauinoticias.com pelo profissional em saúde que comandou todo o processo, cirurgião geral e especialista em vídeo cirurgia, Marlon Moreno (foto), que visitou a redação do portal na tarde dessa quinta-feira, 26, e disse que a cirurgia foi de cardiomiotomia.
A cirurgia foi feita com todo acompanhamento por meio de vídeo e o médico florianense Marlon esteve sendo auxiliado pelos profissionais em saúde Bigman Barbosa (cirurgião geral e urologista) e a enfermeira Débora Atem. Ele disse que o procedimento foi feito no Hospital João Paulo II, bairro Manguinha, órgão em saúde que segundo ele dispõe de equipamentos modernos.
SAIBA SOBRE A CARDIOMIOTOMIA
A cardiomiotomia à Heller por videolaparoscopia é opção para tratamento do megaesôfago e apresenta bons resultados, com melhora importante da sintomatologia mesmo a longo prazo. Entretanto, observa-se que o procedimento esteve associado, inicialmente, a considerável morbidade, possivelmente devido à curva de aprendizado. O objetivo do presente estudo é relatar complicação pós-operatória da cardiomiotomia à Heller laparoscópica.
RELATO DO CASO
Paciente masculino, 41 anos, com disfagia progressiva há 15 anos, e diagnóstico pré-operatório de megaesôfago não avançado. Foi submetido a cardiomiotomia à Heller com fundoplicatura parcial por via videolaparoscópica, sem intercorrência perioperatória, e recebeu alta no 2º dia após a operação. No 10º dia pós-operatório apresentou melena e foi submetido a endoscopia digestiva alta, que evidenciou extensa úlcera na transição esofagogástrica, com cerca de 6cm de extensão. Não havia sangramento ativo e optou-se pelo tratamento conservador. No 13º dia pós-operatório apresentou volumosa hematêmese, que não respondeu ao tratamento clínico. Foi submetido a laparotomia exploradora observando-se necrose da mucosa esofágica na extensão da miotomia. Identificada artéria na parede gástrica, próximo ao vértice da miotomia, que apresentava sangramento ativo. Procedeu-se à hemostasia e à cardioplastia à Thal. Houve boa evolução pós-operatória, com alta no 10º dia após a reoperação.
DISCUSSÃO
A cardiomiotomia à Heller por laparoscopia é procedimento recente e com bons resultados. As complicações são raras quando em mãos experientes e as mais observadas são a perfuração da mucosa esofágica e pneumonia. O sangramento gastroesofágico também é complicação já relatada, ocorrida duas semanas após a operação em úlcera imediatamente acima da junção gastroesofágica, porém sem a necessidade de tratamento cirúrgico4.
No presente estudo, o paciente apresentou quadro semelhante de hemorragia digestiva alta após 10 dias da operação. Entretanto, a hemorragia não respondeu ao tratamento clínico e o paciente foi reoperado, agora por laparotomia. O achado cirúrgico à macroscopia foi de necrose da mucosa na área da miotomia, seguido de lesão de artéria da parede gástrica, possilvemte por ação das enzimas gástricas.
Outra possível explicação para a complicação observada seria a realização da miotomia na porção gástrica muito próxima à pequena curvatura, provavelmente por exposição insuficiente da junção esofagogástrica durante a videolaparoscopia, atingindo ramos esofágicos da artéria gástrica esquerda (Figura 1). Isto poderia explicar, em parte, a necrose da mucosa esofagogástrica, e a exposição dos vasos da parede gástrica às enzimas do estômago.
A fundoplicatura íntegra diminuiu a morbidade da complicação pós-operatória no presente caso, e a reoperação pela técnica de Thal proporcionou bons resultados, mesmo sendo realizada em condições adversas. Não foram encontrados na literatura casos de complicações semelhantes.
Com informaçoes do scielo
Colégio Brasileiro de Cirurgiões