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Pesquisadores portugueses e brasileiros descobriram que o desenvolvimento de formas severas de malária pode ser prevenido por um mecanismo simples que controla o acúmulo de ferro nos tecidos do organismo.

 

Eles descobriram que a expressão de um gene que neutraliza o ferro dentro das células, chamado H-Ferritina, reduz o estresse oxidativo, prevenindo danos no tecido e a morte do organismo infectado.

 

Os cientistas acreditam que este mecanismo protetor pode servir como uma nova estratégia terapêutica contra a malária. A pesquisa foi publicada na revista Cell Host & Microbe.

 

A malária é uma doença causada por infecção com o parasita Plasmodium. Uma vez infectados, os indivíduos ativam uma série de mecanismos de defesa que visam a eliminação do parasita.

 

No entanto, estas estratégias não parecem ser totalmente eficientes em evitar as formas severas da doença e, eventualmente, a morte. Pesquisas anteriores mostraram que outra estratégia de defesa natural que dá tolerância à malária, reduzindo o grau de severidade da doença sem atingir o parasita.

 

Este novo estudo mostra que esta estratégia de defesa envolve a regulação do metabolismo do ferro no organismo infectado. Os pesquisadores já sabiam que a limitação da quantidade de ferro disponível aos parasitas pode diminuir a virulência, isto é, capacidade de causar a doença.

 

No entanto, esta estratégia de defesa tem um preço, essencialmente o acúmulo de ferro em tecidos e órgãos do organismo infectado. Isto pode conduzir a danos nos tecidos, potenciando a severidade da doença em vez de reduzir.

 

Agora, em colaboração com pesquisadores da Fiocruz no Brasil, Miguel Soares e sua equipe no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em Portugal, descobriram que o organismo pode superar este problema através da indução da expressão de H-Ferritina, que elimina o ferro do tecido.

 

O efeito protetor da Ferritina preveniu o desenvolvimento de formas severas e geralmente letais da malária em ratos. Os resultados obtidos mostram que, entre os indivíduos infectados, aqueles que tinham os níveis mais altos de Ferritina apresentavam formas menos severas da doença.

 

Estas observações, em conjunto com os resultados obtidos nos ensaios em animais, mostram que a Ferritina confere proteção à malária sem interferir diretamente com o parasita que causa a doença, ou seja, a Ferritina confere tolerância à malária.

 

"Nosso trabalho sugere que os indivíduos que expressam níveis mais baixos de Ferritina podem estar em maior risco de desenvolver formas graves de malária. Além disso, o estudo também apoia a teoria de que a proteção contra a malária, bem como outras doenças infecciosas, pode operar sem visar diretamente o agente causador da doença, ou seja, o Plasmodium. Em vez disso, esta estratégia de defesa funciona protegendo as células, tecidos e órgãos em hospedeiros infectados de uma disfunção, limitando assim a gravidade da doença", conclui Soares.

 

 

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