Os médicos não costumam usar a palavra cura, mas pesquisas nacionais e internacionais mostram que a cirurgia bariátrica, também conhecida como redução de estômago, elimina a necessidade de medicação para o controle do diabetes em mais de 80% dos casos. Com o “desaparecimento” da doença, o paciente tem menos chances de apresentar problemas cardiovasculares e outras comorbidades associadas, como hipertensão e apneia do sono.
O endocrinologista Dr. João Eduardo Salles, diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), lembra que o diabetes — que atinge 12 milhões da população brasileira — é a causa mais comum de cegueira, amputação de membros inferiores e doença renal, por isso precisa ser tratado de forma efetiva.
— A cirurgia surge como mais uma alternativa terapêutica e pode ser indicada quando o tratamento convencional não surte efeito.
Atualmente, o diabetes tipo 2 — que representa 90% de todos os casos da doença no País — é tratado com alimentação balanceada, prática regular de atividade física e administração de medicamentos orais ou insulina.
— O problema é que mudar hábito é uma tarefa muito difícil e, como a doença não causa dor, consequentemente, não incomoda, o paciente costuma negligenciar o tratamento. E isso causa prejuízos graves tanto para a saúde como para o bolso.
Sobrepeso ou obesidade leve
No Brasil, a cirurgia bariátrica é aprovada para pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) a partir de 35 kg/m² com doenças associadas ou acima de 40 kg/m² sem a presença de outras patologias. Mas, o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Ricardo Cohen, presidente da SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica), discorda desta norma.
— O IMC tem que ser mais um parâmetro de indicação para a cirurgia, mas não o único. O critério mais importante deve ser a avaliação clínica.
O médico coordenou a maior pesquisa de longo prazo já realizada no mundo sobre os efeitos da bariátrica em diabéticos com IMC entre 30 e 35 kg/m²e constatou que dos 66 pacientes submetidos à operação 88% se livrou do diabetes. No restante, houve redução gradativa da dosagens dos medicamentos.
— O estudo também confirmou que tratar o diabetes é prevenir morte por doenças cardiovasculares.
A pesquisa brasileira foi publicada em julho deste ano na revista Diabetes Care, renomada publicação da Associação Americana de Diabetes (ADA).
R7