Se você sente dor, saiba que não está sozinho. Estatísticas mundiais indicam que cerca de 30% da população sofre com algum tipo de mazelas desse tipo. No Brasil, isso representa cerca de 50 milhões de habitantes que carregam alguma dor.
Não é por nada que é este o principal motivo que leva as pessoas ao consultório médico - 80% delas estão lá porque sentiram alguma espécie de dor. Ou seja: dor (quase) todo mundo já sentiu, em maior ou menor grau. Mas o que é exatamente essa sensação? Como a dor é desencadeada no corpo humano? Quando se torna necessária a busca de tratamento? Dá para medir a dor?
A dor é um alerta
Você aí que acha que sentir dor é algo ruim, acredite: seria pior sem ela. A dor é um sinal de alerta, de que algo está errado, seja ela causada por uma doença, uma inflamação ou uma defesa. Perceber rapidamente que, ao colocar o dedo em um café quente é preciso tirá-lo dali para evitar estragos maiores, é resultado de um estímulo – a dor - que vai até o cérebro e provoca reações de defesa e proteção, explica Lucia Miranda Monteiro dos Santos, chefe do Serviço de Tratamento de Dor e Medicina Paliativa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Sem esta percepção, dificilmente saberíamos defender ou proteger nosso corpo - quem não sente dor, não sabe que algo anda mal e, no caso do café fervente, a pele queimaria sem que percebêssemos. E aí o estrago estaria feito.
Nociceptores, não por acaso, lembram nocivo. Eles são os responsáveis pela sensação de dor, que pode ser provocada por estímulos térmicos (queimadura), mecânicos (pancadas) ou químicos (ardência causada por um medicamento em um corte, por exemplo). A função desses receptores, segundo Alan Fein, professor de biologia da University of Connecticut Health Center, é transmitir informações aos neurônios sobre a lesão. “Os receptores individuais podem ser considerados como uma ‘caixa-preta’, que transforma o estímulo em um sinal apropriado para as células nervosas subsequentes”, explica o especialista no livro
Nociceptores - as células que sentem dor.
No caso de queimaduras, por exemplo, existem os termoreceptores instalados na pele, que são acionados por estímulos acima de um certo limiar de temperatura. Há o estímulo não nociceptivo, que não provoca dor, e os nociceptivos, que causam. Tudo depende da intensidade. Caso ocorra um estímulo de intensidade maior a que suportamos, há um disparo no sistema nervoso: uma fibra nervosa leva esta informação até o sistema nervoso central - da pele até a medula e da medula até o cérebro – que registra a dor, provoca a reação motora de tirar a mão da chapa quente, por exemplo, o sentimento em relação àquela dor, sua codificação, e a quantifica. Este é o “caminho de ida” da dor.
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