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celulasCientistas conseguiram mostrar pela 1ª vez como células especiais do cérebro, as microglias, realizam o controle das ligações entre neurônios. As imagens foram feitas pelo Laboratório Europeu de Biologia Molecular e publicadas na "Nature Communications" nesta segunda-feira (26).

 

As microglias comumente atuam como células de defesa do cérebro e de outras regiões do sistema nervoso central. Quando há infecções e problemas nessas áreas, são elas que intervêm.

 

O que as imagens mostram, no entanto, é que elas também atuam em processos importantes da conexão entre células nervosas.

 

   "Esse é um processo que os neurocientistas fantasiaram por anos, mas ninguém tinha visto antes", disse Cornelius Gross, pesquisador do Laboratório Europeu de Biologia Molecular.

 

A equipe de Gross tentou três sistemas diferentes de última geração antes de conseguir mostrar o mecanismo. No total, foram cinco anos de desenvolvimento tecnológico:

 

Por fim, eles combinaram microscopia eletrônica com microscopia de fluorescência de lâminas de luz e fizeram o primeiro filme em que demonstram que a microglia "come" sinapses.

 

Entenda o mecanismo

 

Para controlar as funções do corpo, os neurônios passam informações uns para os outros sem se tocarem. Esses processos são conhecidos por sinapses.

 

Apesar de muito importantes, as sinapses devem ser controladas para que o nosso organismo não se desequilibre com o envio de muitas informações.

 

Neurocientistas costumam chamar esse controle de "poda" -- uma ação que é muito comum no início do desenvolvimento humano e cerebral.

 

Nas imagens, pesquisadores mostram como a microglia ajudam nessa poda sináptica, meio como "mordiscando" as sinapses para que elas sejam direcionadas.

 

Os cientistas também demonstraram que as microglias impedem que os neurônios realizem sinapse dupla -- quando uma célula nervosa acaba se comunicando com duas, em vez de com apenas uma.

 

É esse processo mediado pela microglia que garante a comunicação efetiva entre um neurônio e outro -- e é com isso também que processos importantes para a cognição (como a memória) se estabilizam.

 

Um outro ponto que os cientistas demostraram é que a poda é feita mais no sentido de direcionar melhor as sinapses e não de enfraquecê-las.

 

   "Estávamos tentando ver como a microglia elimina as sinapses, mas percebemos que elas induzem seu crescimento na maior parte das vezes", diz Laetitia Weinhard, pesquisador associado ao estudo.

 

G1

Foto: L. Weinhard/EMBL Rome