Em todos os lugares, é sempre possível encontrar alguém com o hábito de roer unhas. Muitas vezes iniciada durante a infância, a onicofagia, nome dado ao costume, pode ocorrer como uma resposta ao estresse, ansiedade, tédio, autorregulação sensorial ou um hábito compulsivo, explica a psiquiatra Julia Trindade, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). "Há estudos que mostram, ainda, que 30% das pessoas roem unha e que há um componente genético associado", alega.
A dermatologista Viviane Scarpa, da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), afirma que o hábito de roer as unhas pode microrganismos das unhas para as cutículas, gerando infecções e, caso o paciente machuque a matriz a unha (pele abaixo das unhas), pode causar danos permanentes à camada externa. Ainda, pode-se gerar desgastes dentários, e aumentar o risco de infecções devido ao contato do germe com a boca.
As especialistas afirmam que, a depender da causa do desenvolvimento do hábito, pode ser necessário algum tratamento. Entre as sugestões, estão TCC (terapia cognitivo-comportamental), que ajuda a identificar e modificar comportamentos indesejados; uso de produtos amargos aplicados nas unhas para desencorajar o ato; e, quando há associação com ansiedade ou TOC, o uso de medicamentos pode auxiliar.
Além desses tratamentos, a dermatologista aconselha o uso de unhas postiças, uso de fitas micropore nas unhas e mascar chicletes como forma de evitar roer a unha e resolução do hábito. A psiquiatra também recomenda o uso de esmaltes, identificar e evitar os gatilhos, e brinquedos ou objetos que mantenham as mãos ocupadas.
" Como muitas vezes o quadro tem início na infância, os pais devem prestar atenção em possíveis sinais de ansiedade e os pais que roem unhas também tem mais chance de terem filhos que roem por verem os pais praticando o ato de roer. A orientação em relação aos malefícios que esta condição pode levar e entender o porque o paciente está fazendo isso são essenciais para que não ocorram recidivas", reforça Viviane.
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