As vitaminas são fundamentais na constituição, elaboração e resposta das células que formam o organismo. No entanto, as necessidades variam conforme a faixa etária. Isso porque as deficiências nutricionais podem surgir com dietas muito restritivas, alimentação deficiente, alterações no processo digestivo, má absorção intestinal, entre outras questões, como o próprio local de moradia e a pobreza do solo onde os alimentos foram plantados. Algumas idades têm necessidades nutricionais peculiares, podendo ser imprescindível uma suplementação para garantir o aporte adequado de vitaminas e minerais. "Se uma pessoa apresenta deficiência de vitaminas ou minerais específicos, a suplementação pode ser necessária para corrigir o problema", afirma a endocrinologista Isis Toledo, da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Isis explica que, de acordo com recomendações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), recém-nascidos prematuros precisam de suplementação de vitamina D e de ferro, que pode variar conforme o peso. Prematuros com peso abaixo de 1 kg devem suplementar o ferro com 4 mg/kg diariamente durante um ano. Já prematuros de 1 kg a 1,5 kg precisam suplementar ferro com 3 mg/kg diários no primeiro ano e, no segundo ano, 1 mg/kg.
Já os bebês não prematuros mas com baixo peso (até 1,5 kg) precisam de suplementação de ferro diária de 2 mg/kg no primeiro ano e, no segundo ano, 1 mg/kg. Para aqueles que nasceram com peso adequado e não são prematuros, a SBP recomenda que a suplementação de ferro seja feita a partir do sexto mês de vida, quando ocorre a introdução alimentar, com 1 mg/kg diário até que a criança complete seu segundo aniversário
Quanto à vitamina D, a endocrinologista explica que as recomendações da SBP são de que a suplementação preventiva seja feita com 400 UI/dia a partir da primeira semana de vida até os 12 meses e com 600 UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para as crianças em aleitamento materno exclusivo
Entre os adolescentes, Isis afirma que, muitas vezes, é necessário suplementar o cálcio. Segundo os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares — Análise do Consumo Alimentar do IBGE, de 2013, 97% das crianças e adolescentes de 10 a 18 anos registraram ingestão de cálcio abaixo do valor mínimo recomendável (1.100 mg/dia). Assim, a endocrinologista explica que, se a ingestão de cálcio não for aumentada, é necessário fazer a suplementação do nutriente.
Para os adultos, são indicadas as suplementações com creatina e whey protein. A creatina é recomendada para aumentar a performance nos exercícios e a força, enquanto o whey protein é aconselhado para a formação muscular.
De acordo com a nutricionista Natalia Barros, a suplementação durante a gravidez busca garantir o bem-estar da mãe e do bebê, visto que há um aumento das necessidades nutricionais. Entre os nutrientes que precisam de suplementação nessa fase está o folato — forma natural da vitamina B9 —, que tem papel fundamental no início da formação do sistema nervoso do bebê. Embora a substância seja encontrada em alimentos como feijão, lentilha, espinafre, brócolis e laranja, muitas vezes é difícil obter as quantidades necessárias apenas por meio da alimentação. Por isso, é importante que a vitamina seja suplementada desde o início da gestação.
Natalia afirma que a suplementação de ferro durante a gestação também é importante, por causa do aumento do volume sanguíneo e pelas demandas do feto em crescimento. Ele é necessário para a produção de glóbulos vermelhos e para o transporte adequado de oxigênio pelo corpo. Além da suplementação, é importante que as futuras mamães se lembrem de ingerir alimentos ricos em ferro, como carne vermelha, aves, peixes, leguminosas, folhas verde-escuras. A vitamina C também ajuda na absorção de ferro, portanto é recomendado consumir alimentos ricos nessa vitamina, como frutas cítricas, morangos e pimentões
s vitaminas do complexo B devem ser suplementadas nessa fase também. Isso porque elas desempenham papel importante no metabolismo energético, na formação de glóbulos vermelhos, na manutenção do sistema nervoso. As fontes alimentares de vitaminas do complexo B incluem carnes, peixes, aves, laticínios, ovos, grãos integrais, leguminosas, folhas verde-escuras e nozes e, caso necessário, a suplementação deve ser feita apenas sob orientação médica
A nutricionista lembra a importância da suplementação de cálcio durante a gravidez. Além de suprir as necessidades do nutriente para a formação dos ossos do bebê, é importante que as gestantes se atentem às necessidades pessoais, visto que o cálcio ajuda a prevenir a perda óssea materna, que pode ocorrer devido às demandas do feto. Também pode auxiliar no controle da pressão arterial, prevenindo a pré-eclâmpsia, uma complicação grave da gravidez. Em conjunto, é importante que haja a suplementação de vitamina D, que auxilia na absorção do cálcio pelos ossos.
Outro nutriente importante para ser suplementado na gravidez é o DHA (ácido docosa-hexaenoico). O DHA é um ácido graxo ômega-3, sendo um componente estrutural essencial para o cérebro, os olhos e o sistema nervoso central no desenvolvimento do bebê. O DHA tem propriedades anti-inflamatórias e cardioprotetoras, protegendo a saúde cardiovascular materna, reduzindo o risco de pré-eclâmpsia, hipertensão gestacional e outras complicações relacionadas ao coração
Isis afirma que as necessidades vitamínicas são alteradas por causa de fatores como redução do apetite, digestão mais lenta, dificuldade de engolir e problemas dentários, o que impacta a ingestão de nutrientes por alimentos — podendo faltar proteínas, carboidratos, vitaminas, minerais e até calorias. Isso pode resultar na perda de peso e de massa muscular.
Além das faixas etárias, alguns grupos podem necessitar de suplementação vitamínica. Entre eles, estão os pacientes que realizaram cirurgia bariátrica nas técnicas bypass gástrico, gastrectomia vertical (sleeve) e derivações biliopancreáticas. As cirurgias que envolvem desvio intestinal comprometem a absorção de cálcio dos alimentos e também a mistura de sais biliares com a gordura, prejudicando a absorção de vitaminas lipossolúveis, como a vitamina D. Assim, muitas vezes esse grupo precisa repor os seguintes nutrientes: zinco, cálcio, ácido fólico, vitamina D, biotina, ferro, cobre, selênio e vitamina K.
A recomendação de suplementação vitamínica entre idosos se dá quando o consumo de nutrientes é inferior a 70% das recomendações diárias por alimentos. Entre as vitaminas que mais costumam ter ingestão baixa nessa faixa etária estão a vitamina A, a vitamina B6, o zinco e o cálcio, além da deficiência de proteínas e calorias devido a dietas mais restritivas — podendo haver a necessidade de tais suplementações.
As especialistas reforçam que não existe nenhum suplemento que seja necessário para todas as pessoas em algum momento da vida e que as vitaminas devem ser consumidas com orientação médica, de modo a evitar a intoxicação. Por fim, elas lembram que a suplementação não é indicada quando as quantidades vitamínicas são supridas na alimentação.
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