Dados inéditos de um estudo com quase 700 mil pacientes mostraram que o medicamento oral osimertinibe teve um papel importante na redução da mortalidade de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas em estágio inicial com mutação no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFRm), após resseção completa do tumor.
As informações do estudo clínico de fase 3 foram apresentadas durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, e o artigo foi publicado no The New England Journal of Medicine. O medicamento reduziu o risco de morte em 51% em comparação com o placebo. Além disso, 88% dos indivíduos que fizeram uso do osimertinibe permaneceram vivos por pelo menos cinco anos — no grupo de placebo, foram 78%.
Os tumores de pulmão de células não pequenas são os mais comuns e uma das principais causas de morte por câncer entre homens e mulheres.
O desenvolvedor do medicamento, o laboratório anglo-sueco AstraZeneca, afirma que "continua a explorar o Tagrisso [nome comercial do osimertinibe] como um tratamento para pacientes em vários estágios" de câncer de pulmão de células não pequenas com a mutação EGFRm.
A droga já foi aprovada como monoterapia em mais de cem países, incluindo o Brasil, onde a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o classifica como "tratamento de primeira linha de pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) localmente avançado ou metastático que tenha feito teste genético para identificar a mutação do tumor".
"Em maio, Tagrisso demonstrou benefício clínico em combinação com quimioterapia no estudo Flaura2 Fase 3 em CPNPC [com a mutação] EGFRm avançado", complementa a AstraZeneca.
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) incorporou em 2021 o osimertinibe no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, o que tornou, portanto, obrigatória a cobertura por parte dos planos de saúde.
A indicação é para o "tratamento de pacientes com CPNPC localmente avançado ou metastático, positivo para mutação EGFR T790M, cuja doença progrediu quando em uso de, ou após a terapia com inibidores da tirosina quinase dos EGFRs".
Pacientes que dependem do SUS, porém, precisam recorrer à Justiça para tentar obter o medicamento, pois não faz parte da oferta regular da saúde pública.
Uma caixa de Tagrisso 80 mg, com 30 comprimidos, chega a custar cerca de R$ 35 mil.
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