Um estudo descobriu que a terapia hormonal com estrogênio oral para a menopausa pode estar ligada a um risco aumentado de desenvolver pressão alta em comparação com o estrogênio transdérmico e vaginal.
O trabalho, publicado nesta segunda-feira (5) na revista científica Hypertension, da Associação Americana do Coração, envolveu mais de 100 mil mulheres com 45 anos ou mais que faziam terapia hormonal com estrogênio em forma de pílula. "Sabemos que os estrogênios ingeridos por via oral são metabolizados pelo fígado, e isso está associado a um aumento nos fatores que podem levar a uma pressão arterial mais alta", disse em comunicado a principal autora do estudo, Cindy Kalenga.
As participantes do estudo, todas do Canadá, preencheram pelo menos duas prescrições consecutivas (um ciclo de seis meses) para terapia hormonal apenas com estrogênio oral, transdérmico ou por aplicação vaginal.
As mulheres utilizaram as duas formas mais comuns de estrogênio: o estradiol, uma versão sintética que se assemelha ao estrogênio produzido naturalmente no corpo durante a pré-menopausa, e o estrogênio equino conjugado, uma forma mais antiga derivada de animais, amplamente usada na terapia hormonal.
Ao final, os pesquisadores constataram que mulheres que faziam terapia oral com estrogênio tinham risco 14% maior de desenvolver pressão alta em comparação com aquelas que o consumiam pela via transdérmica.
Em comparação com as mulheres que usavam cremes ou supositórios de estrogênio vaginal, as que consumiam o hormônio oral tiveram um risco de hipertensão ainda maior: 19%.
Os autores do trabalho também encontraram uma forte associação entre a pressão alta e o estrogênio oral entre mulheres com menos de 70 anos, em comparação com as que tinham mais de 70 anos.
Outro ponto destacado foi de que o estrogênio equino conjugado foi associado a um risco 8% maior de desenvolver hipertensão arterial do que o estradiol.
O estradiol não oral na dose mais baixa e pelo menor período de tempo foi associado ao menor risco de hipertensão arterial.
O estudo sugere ainda que, se as mulheres na menopausa fizerem terapia hormonal, existem diferentes tipos de estrogênio que podem ter riscos cardiovasculares menores.
A reposição hormonal como forma de aliviar os sintomas da menopausa tem sido amplamente utilizada.
Porém, os autores salientam que há evidências de que iniciar essa terapia hormonal nos estágio iniciais pode trazer benefícios cardiovasculares, o que não ocorre quando ela é feita tardiamente.
“Aproximadamente 80% das pessoas que passam pela menopausa apresentam sintomas e, para algumas, duram até sete anos. Embora a menopausa seja uma parte normal do processo de envelhecimento, ela tem enormes implicações na qualidade de vida, impacto econômico, produtividade no trabalho e relações sociais. Precisamos dar às pessoas as informações de que precisam para escolher os tratamentos hormonais mais eficazes e seguros para a menopausa", destaca a coautora do estudo Sofia B. Ahmed, professora de medicina na Universidade de Calgary, no Canadá.
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