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Com 1,6 milhão de pessoas diagnosticadas, segundo dados do Ministério da Saúde, a esquizofrenia é um transtorno mental crônico, que afeta a os modos como a pessoa se sente, pensa e se comporta. Também é uma condição envolta em preconceito e estigmatização.

A psiquiatra e especialista em saúde mental, Tamires Cruz, explica que a esquizofrenia, que inclui delírios (como o sentimento de perseguição), alucinações (ouvir vozes, ver coisas ou ter sensações táteis), desorganização comportamental e de pensamentos, além de sentimentos negativos entre os sintomas, afeta cerca de 1% da população mundial, é diagnosticada a partir da observação dos sinais específicos, que costumam aparecer na fase mais tardia da adolescência ou início da vida adulta. Nesta quarta-feira (24), é celebrado o Dia Mundial da Pessoa com Esquizofrenia, data em que pacientes e familiares buscam vencer os tabus originados no diagnóstico.

De acordo com o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, embora as causas da doença não sejam esclarecidas, fatores como predisposição genética; infecções cerebrais; problemas na gestação, como infecção materna por influenza no segundo trimestre da gravidez, falta de oxigenação no parto, baixo peso ao nascer, ou incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê; e o uso de cannabis na adolescência, podem tornar pessoas vulneráveis à doença.

Para o psiquiatra Henrique Bottura, diretor clínico do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista), além dos próprios sintomas, acompanhados dos estigmas, as maiores dificuldades enfrentadas, tanto por pacientes como pelos familiares, é a adesão ao tratamento.

"Qualquer um de nós sabe, quando precisamos tomar um antibiótico, por exemplo, como é difícil manter um tratamento contínuo, e a esquizofrenia exige isso. Podem aparecer efeitos colaterais, são necessárias consultas frequentes, e essas são coisas que dificultam a adesão. Muitas das vezes, esses pacientes também perdem um pouco da crítica, o que pode fazer com que ele não entenda a necessidade de tomar esse medicamento, outras vezes a resistência vem de familiares", alega Bottura. E continua: "Esses pacientes precisam de um tratamento de longo prazo, e se tratados e acompanhados precocemente, conseguem ter um prognóstico melhor, e essa adesão aos tratamentos propostos é extremamente importante".

O tratamento da esquizofrenia conta com medicamentos antipsicóticos, psicoterapia e suporte psicossocial, de maneira a incluir essas pessoas no mercado de trabalho e ter apoio para a reintegração social. Bottura afirma que as abordagens podem variar conforme a particularidade de cada quadro.

Tamires reforça que a interrupção do tratamento de tais pacientes pode trazer consequências graves, como o retorno de sintomas psicóticos, recaídas, hospitalização e comprometimento do funcionamento global.

Além dos próprios pacientes, os profissionais lembram das dificuldades enfrentadas por familiares e pessoas do convívio.

O destaque está na falta de informações sobre o diagnóstico, muitas vezes não compreendido e estigmatizado, somado às dificuldades de comunicação e a sobrecarga emocional e física, que podem ser intensificados quando os sintomas se mostram mais fortes ou em episódios de crises.

Para melhorar a convivência com pacientes com esquizofrenia, Tamires recomenda que as pessoas do círculo social deles estejam sempre abertas a aprender sobre os sintomas e a doença; que seja estabelecida uma comunicação aberta e franca, de modo a compreender as necessidades do outro; que se busquem grupos de apoio tanto para o paciente quanto para a família, visando dividir as experiências; além da criação de rotinas e suporte prático, promovendo a estabilidade do quadro.

Bottura complementa, alegando que amigos e familiares podem incentivar e monitorar a adesão ao tratamento, assim como a frequência do acompanhamento médico.

R7