A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta sexta-feira (20) que o remdesivir não é recomendado para pacientes hospitalizados com Covid-19, uma vez que o antiviral não evita mortes, nem o agravamento da doença.
O painel do Grupo de Desenvolvimento de Diretrizes (GDG) da OMS disse que sua recomendação foi baseada em uma revisão de evidências que incluiu dados de quatro ensaios clínicos randomizados internacionais envolvendo mais de 7 mil pacientes hospitalizados com Covid-19. Um estudo liderado pela OMS sobre antivirais foi apresentado em outubro, em uma pré-publicação, e aguardava a revisão por outros especialistas.
Segundo os especialistas da OMS, não se pode dizer que o remédio não tenha resultados benéficos, mas o fato de essa eficácia não ter sido comprovada clinicamente, somado a seus possíveis efeitos colaterais e custo, levou a organização a não recomendar o seu uso. "O painel encontrou falta de evidências de que o remdesivir melhore resultados que importem para pacientes, como a redução da mortalidade ou da necessidade por ventilação mecânica", diz a orientação.
O remdesivir foi desenvolvido contra a febre hemorrágica do ebola e é vendido pelo laboratório Gilead sob o nome comercial Veklury. O presidente americano, Donald Trump, que teve Covid-19 no começo de outubro, recebeu remdesivir durante cinco dias, além de outros tratamentos.
No momento, os corticoides, entre eles a dexametasona, são o único tratamento que permitiu reduzir a mortalidade da doença, embora em nem todas as categorias de pacientes.
As primeiras doses da CoronaVac, vacina produzida no laboratório chinês Sinovac, chegaram ao Brasil na manhã desta quinta-feira (19), no Aeroporto de Guarulhos.
O avião, da empresa Turkish Airlines, transportou 120 mil doses da vacina trazidas para o país.
O carregamento veio diretamente da China, armazenado a uma temperatura de 8 graus negativos. Após inspeção da vigilância sanitária, será levado ao Instituto Butantan, segundo informações da Record TV.
Imunizante contra a covid-19 parceria entre o governo do estado de São Paulo e o laboratório chinês Sinovac, a vacina ainda não poderá ser usada, já que ainda não tem a permissão da Anvisa.
Interrupção e retomada na produção No último dia 9 de novembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu os estudos com a Coronavac, devido a uma ocorrência de "evento adverso grave" ocorrido em 29 de outubro.
Dois dias depois, após reunião entre técnicos da agência em Brasília, a Anvisa decidiu liberar a retomada dos testes com a vacina. O motivo da interrupção havia sido a morte de um dos voluntários a tomarem a vacina. Entretanto, posteriormente foi noticiada a informação de que a morte do homem se deu por suicídio.
A Anvisa, numa entrevista coletiva, afirmou que não havia recebido todas as informações do Instituto Butantan e não tinha conhecimento de que o possível problema com a vacina seria um suicídio, informação que não foi divulgada inicialmente a pedido da família do voluntário.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na terça-feira (17), medidas que devem acelerar o registro de vacinas contra a Covid-19 no Brasil.
Uma norma publicada nesta quarta (18) no Diário Oficial da União autoriza que empresas interessadas em registrar uma vacina enviem dados técnicos sobre os testes de forma contínua. Com a medida, as empresas não vão precisar ter todos os documentos reunidos para apresentá-los de uma vez só à Anvisa, como normalmente ocorre.
A proposta que previa essa possibilidade já havia sido divulgada pela agência no dia 29 de setembro. Dois dias depois, em 1º de outubro, a Anvisa anunciou que começaria a análise dos testes da vacina de Oxford, desenvolvida em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, sob o processo de submissão contínua.
Os diretores da agência também dispensaram, com a adoção da medida, a análise de impacto regulatório e a consulta pública, "devido ao grau de urgência e gravidade" da pandemia.
As medidas só valem para vacinas contra a Covid-19 e não se aplicam a nenhum outro medicamento ou vacina. Os imunizantes também precisam estar em fase 3 de ensaios clínicos – como os quatro que estão sendo testados no Brasil: a de Oxford, a da Pfizer, a da Sinovac e a da Johnson.
Outro pré-requisito para enviar os dados de forma contínua é que a empresa interessada tenha um Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) protocolado na Anvisa. O dossiê é um conjunto de documentos que dão informações detalhadas sobre a vacina e sobre os estudos clínicos de fases 1, 2, e 3.
Como funciona a 'submissão contínua': Normalmente, para o registro de um medicamento ou vacina, as agências exigem todos os estudos e informações sobre a segurança, eficácia e conteúdo de uma vez só. Como o mundo passa por uma pandemia, a submissão contínua permite que os técnicos da Anvisa comecem a analisar o que está pronto – resultados de estudos iniciais e outros dados, como os referentes ao prazo de validade e às condições de armazenamento adequadas, por exemplo.
Os documentos são, então, enviados ao longo do tempo à agência. Todos os dados deverão ser analisados, com a diferença de que o processo começa antes e em etapas.
Chegada de doses Na terça-feira (17), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse em entrevista à "Rádio Jornal", de Pernambuco, que as primeiras doses da vacina do laboratório chinês Sinovac, a "CoronaVac", chegariam no Brasil na quinta-feira (19). Na semana passada, Doria havia dito que as doses chegariam na sexta (20).
A Anvisa chegou a suspender, também na semana passada, os testes da CoronaVac, depois da morte de um voluntário. Dois dias depois, entretanto, autorizou a retomada dos ensaios. (Entenda a suspensão).
Os anúncios sobre a regulamentação das vacinas e a entrega das doses vêm em um momento em que o Brasil tem alta na média móvel de mortes por Covid-19. Os casos e as mortes pela doença tiveram as maiores tendências de alta desde maio.
Também na terça (17), o relatório semanal divulgado pelo Imperial College de Londres apontou que a taxa de transmissão da Covid-19 no país está em 1,10, o maior índice desde agosto.
Na semana anterior, o número havia ficado em 0,68, o menor desde o início da pandemia. O período, entretanto, foi o mesmo em que houve um apagão de dados no Ministério da Saúde, que afetou a divulgação de dados sobre casos e mortes por Covid-19.
Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1, 2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma resposta do sistema de defesa do corpo.
Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costumam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm realizado mais de uma etapa ao mesmo tempo.
Antes de começar os testes em humanos, as vacinas são testadas em animais – normalmente em camundongos e, depois, em macacos.
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que inclui os diagnósticos de enfisema pulmonar e bronquite crônica, como o próprio nome diz, obstrui as vias aéreas, o que dificulta a respiração. O hábito de fumar é a principal razão para o problema, que a partir desse ano será a terceira causa de morte em todo o mundo, de acordo com estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo o pneumologista Flávio Arbex, doutor em pneumologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e professor dessa disciplina na Uniara (Universidade de Araraquara), 90% dos casos de DPOC no Brasil são causados pelo tabagismo. Mas também existem fatores ambientais e genéticos envolvidos.
Ele afirma que pessoas acima dos 40 anos são as mais atingidas pela doença. "É muito comum a pessoa que fuma ter aquele pigarro típico e pensar que não é nada, mas pode ser um sinal de DPOC", destaca.
Os sintomas ainda incluem falta de ar ao fazer esforços, tosse com secreções - que piora pela manhã - , chiado no peito e as chamadas exacerbações, quando esses sinais se apresentam de maneira mais forte.
"Com a evolução da doença, a pessoa vai se limitando cada vez mais e deixando de fazer as coisas por conta da falta de ar. Até chegar ao ponto em que ela nem sai mais de casa", observa o especialista.
Arbex chama atenção para o fato de que muitos indivíduos têm a doença, mas não sabem, como mostrou o Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar (PLATINO). O estudo envolveu 1000 habitantes da cidade de São Paulo: 15% tinham DPOC e, dentre eles, 87% não sabiam.
O costume de subestimar possíveis sintomas e a não realização da espirometria, exame que serve para identificar a doença são as razões apontadas pelo pneumologista para essa situação.
"O subdiagnóstico é um problema. Ele [exame] é menos pedido do que deveria", analisa. "Hoje mesmo eu fiz o diagnóstico em um paciente de 77 anos que cansa para tomar banho. Ele nunca tinha feito uma espirometria", exemplifica.
A análise permite medir a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira. "Eu peço para a pessoa encher o peito de ar e expirar. Se a pessoa tem dificuldade de colocar o ar para fora, ela possui uma doença pulmonar obstrutiva", descreve.
Sobre a projeção feita pela OMS de que a DPOC se tornará a terceira causa de morte a partir deste ano, Arbex explica que isso deve acontecer porque o surgimento dos sintomas é demorado e as consequências da doença são vivenciadas a longo prazo.
"Essa é uma doença prolongada. Você pode conviver com ela por 10, 20, 30 anos. Estamos pegando as sequelas de quem começou a fumar lá atrás, como foi o caso de muitas mulheres na década de 80", esclarece.
O tratamento é feito com medicamentos que melhoram a falta de ar, reabilitação pulmonar e oxigenioterapia a depender da gravidade da doença. "Mas o principal é parar de fumar", enfatiza Arbex. Ele acrescenta que pacientes com DPOC devem manter em dia as vacinas contra o vírus influenza e a bactéria conhecida como pneumococo, pois pneumonia e gripe contribuem para a piora do quadro clínico.