O coronavírus está sofrendo mutação à medida que se espalha pelo mundo na pandemia, mas nenhuma das mutações atualmente documentadas parece torná-lo capaz de se proliferar mais rápido, disseram cientistas nesta quarta-feira (25).
Em um estudo a partir de dados globais de genomas de vírus realizado com 46.723 pessoas com covid-19 em 99 países, os pesquisadores identificaram mais de 12.700 mutações, ou alterações, no vírus SARS-CoV-2.
"Felizmente, descobrimos que nenhuma dessas mutações está fazendo a covid-19 se espalhar mais rapidamente", disse Lucy van Dorp, professora do Instituto de Genética da University College de Londres e uma das co-líderes do estudo.
Ela acrescentou, no entanto, que "precisamos permanecer vigilantes e continuar monitorando novas mutações, particularmente à medida que as vacinas são lançadas".
Sabe-se que os vírus sofrem mutações o tempo todo e alguns -como os da gripe - mudam com mais frequência do que outros.
A maioria das mutações é neutra, mas algumas podem ser vantajosas ou prejudiciais aos vírus e algumas podem reduzir a eficácia das vacinas contra eles. Quando os vírus mudam assim, as vacinas devem ser adaptadas regularmente para garantir que estão atingindo o alvo certo.
Com o vírus SARS-CoV-2, as primeiras imunizações a mostrarem eficácia poderiam obter aprovação regulatória e começar a ser usadas para antes do final deste ano.
Entre mais de 12.706 mutações identificadas, cerca de 398 parecem ter ocorrido repetidamente e de forma independente, disseram os pesquisadores no estudo publicado nesta quarta-feira no periódico acadêmico Nature Communications.
Dentre as 398 mutações, os cientistas se concentraram em 185, que eles descobriram ocorrer pelo menos três vezes de forma independente durante o curso da pandemia.
Os pesquisadores não encontraram evidências de que alguma das mutações comuns esteja aumentando a transmissibilidade do vírus. Em vez disso, eles disseram que as mutações mais comuns são neutras para o vírus.
A vacina Sputnik V, produzida na Rússia, apresentou eficácia de mais de 95%, passados 42 dias da primeira dose, segundo indicaram nesta terça-feira (24) o Centro Gamaleya e o Fundo de Investimentos Diretos do país.
De acordo com os dados preliminares da segunda análise, a efetividade da vacina russa, depois de 28 dias, é de 91,4%. Neste caso específico, foram 39 infectados, sendo que 31 fizeram uso de placebo, e oito da vacina testada.
Ao todo, segundo nota oficial dos desenvolvedores do projeto, 14.095 voluntários receberam a Sputnik V, enquanto em 4.699 pessoas, foi aplicado placebo.
Atualmente, 40 mil voluntários participam da terceira fase de testes clínicos da vacina russa. Para mais de 22 mil deles foi oferecida a primeira dose.
Segundo os dados apresentados hoje, em 19 mil voluntários foi aplicada a primeira e a segunda dose.
Durante as análises, os pesquisadores não detectaram nenhuma reação adversa "inesperada" à vacina entre os voluntários.
O Fundo de Investimentos Diretos da Rússia destacou no comunicado o valor da dose, que é de menos de US$ 10 (R$ 53,82), duas vezes menos que a produzida pelas companhias farmacêuticas Moderna e Pfizer.
Além disso, está sendo feita a produção da vacina desidratada, a partir da tecnologia de liofilização, o que facilitará o transporte para o exterior, especialmente, em regiões de difícil acesso e outras com clima tropical.
A primeira remessa da Sputnik V para o mercado estrangeiro chegará aos clientes em janeiro de 2021, com base em acordos já feitos com parceiros internacionais.
Um grupo internacional de pesquisadores apoiado pela FAPESP realizou o cruzamento de milhares de dados sobre o funcionamento do sistema imune de pacientes com covid-19 e estabeleceu possíveis fatores para explicar a menor incidência de casos graves entre mulheres. As informações possibilitam o estudo de possíveis alvos terapêuticos para a doença, podendo reduzir a incidência de casos graves. Os resultados foram divulgados na plataforma medRxiv, ainda em versão preprint (sem revisão por pares).
“Percebemos que as mulheres conseguem responder mais apropriadamente ao vírus. O sistema imune feminino ativa respostas de citocinas de forma bem intensa, porém, não tanto de determinados tipos que poderiam causar danos aos órgãos. Ao mesmo tempo, nas mulheres infectadas é reduzida a expressão de genes dos neutrófilos, que são células que podem causar dano tecidual, algo crítico na covid-19”, explica Otávio Cabral Marques, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador do estudo.
A FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) apoia a pesquisa, à qual estão vinculados outros três projetos, dois deles coordenados por Marques, além da bolsa de pós-doutorado no ICB-USP de Paula Paccielli Freire, primeira autora do trabalho.
Com o auxílio de ferramentas de bioinformática, os pesquisadores analisaram dados genômicos disponíveis publicamente no repositório GEO Database (Gene Expression Omnibus). As informações foram obtidas de material coletado de secreções da nasofaringe e de exames de sangue, somando mais de mil pacientes com covid-19. Ao cruzar as informações, o grupo concluiu que as mulheres de várias faixas etárias têm um perfil imunológico mais parecido ao de pacientes jovens, enquanto os homens se assemelham aos mais velhos. É sabido, desde o surgimento do novo coronavírus, que o segundo grupo tem uma pior resposta à infecção pelo SARS-CoV-2.
Não se sabe por que razão as mulheres têm maior proteção ao vírus. Uma vez que vários receptores para hormônios femininos são expressos no sistema imune, porém, é possível que isso colabore para que as pacientes tenham uma imunidade mais desenvolvida.
Outro fator que poderia explicar as diferenças seria o estilo de vida dos pacientes, como uma menor ocorrência de tabagismo e alcoolismo entre as mulheres, por exemplo. Esse tipo de informação, porém, não estava disponível nos bancos de dados usados. “Talvez seja uma combinação desses diferentes fatores, hormonais e comportamentais, mas não temos como saber com as informações de que dispomos”, diz Marques.
Alvo
O grupo encontrou uma série de vias de sinalização molecular diferentemente expressas em homens e mulheres. Esses conjuntos de genes podem ser alvos para futuros tratamentos. Fármacos já conhecidos por regular essas vias poderiam ser usados para inibir, por exemplo, a expressão excessiva de citocinas. Essas moléculas são liberadas pelo organismo para se defender do vírus, mas em excesso podem causar danos aos órgãos, principalmente o sistema respiratório, podendo levar à morte.
A inibição de algumas dessas vias, como as chamadas CXCR2 e IL1beta, tem tido resultados promissores em experimentos com doenças autoimunes. Esse tipo de tratamento poderia ser uma alternativa para evitar o agravamento dos casos de covid-19 tanto em homens como em mulheres de todas as idades.
“Os resultados trazem informações úteis para o tratamento. Embora o estudo dê sugestões de por que os homens são mais suscetíveis à forma grave da doença, em qualquer pessoa essas vias parecem ser importantes no agravamento dos casos. Um paciente internado, antes de começar ter um comprometimento do pulmão, por exemplo, poderia receber um medicamento para fazer a inibição de uma dessas vias, evitando uma inflamação excessiva. É uma hipótese que queremos investigar”, afirma o pesquisador.
Uma campanha em nível nacional está sendo realizada com o objetivo de incentivar a doação voluntária de sangue. O processo envolve os Hemocentros de todo o País.
Em Floriano, o órgão vem sendo dirigido pela servidora da área da saúde Elyomara Feitosa, que há pouco numa entrevista, externou sobre as ações locais.
A entrevista foi cedida ao comunicador Carlos Iran, colaborador do Piauí Notícias.