O presidente da Macrologística, Renato Pavan (foto) - com seus 35 anos de experiência logística e tendo em seu currículo o know-how de consultor do Banco Mundial -, traduziu o que muitos dos vários pesos pesados do setor privado brasileiro pensam sobre o plano do governo para expandir ferrovias no país.
Ele questionou na recente edição da Revista Exame - a maior revista de negócios do país, a utilidade da ferrovia Transnordestina. Uma obra mais propagandeada pelos governos em todas suas esferas do que realmente executada.
“Alguns trechos que o governo quer licitar passam por áreas onde não há demanda de carga ferroviária”, sustenta. Segundo a revista, um desses trechos é justamente a Transnordestina. “Que carga será transportada por lá?”, indaga Pavan na matéria titulada “A Hora da Largada?" [No site ganha o título: Será a hora da largada para as redes ferroviárias no Brasil?].
A declaração do presidente da Macrologística revela segundo a reportagem, um fosso entre o que o governo quer oferecer e o que o setor privado aponta como certo para destravar o desenvolvimento do país.
União de empresas privadas para investir em ferrovias
Não à toa a reportagem aponta “dois” movimentos privados para tentar, sem a ajuda do governo, diminuir a dependência do país de caminhões, e aumentar a competitividade nacional.
“O primeiro deles, a proposta de fusão Rumo-ALL [América Latina Logística - maior transportadora de cargas ferroviárias do país, a ser adquirida pela Ruma, braço logístico da Consan, uma empresa privada], prevê o aumento da capacidade de transporte de soja de Mato Grosso para o porto de Santos de 12 milhões para 35 milhões de toneladas nos próximos sete anos (...). Outra meta é eliminar por ano 1 milhão de viagens de caminhão”, informa a revista.
“O segundo movimento privado em curso é um projeto bancado pela empresas do agronegócio Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Maggi – curiosamente anunciado apenas um mês após a proposta oficial da Rumo pela ALL. Juntas, elas respondem por 75% das exportações de grãos”, acrescenta Exame.
Só promessa
Os anúncios do governo para aumentar em extensão os poucos 29.000 quilômetros de ferrovias brasileiras não saíram do papel. Em 2012, o governo lançou um projeto para melhorar a malha ferroviária brasileira, mas nada foi além. O anunciado era a recuperação e reconstrução de cerca de 10.000 quilômetros de linhas ferroviárias. Ficou a promessa somente.
Países desenvolvidos fazem o Brasil passar vergonha. Os Estados Unidos, por exemplo, possuem 225.000 quilômetros de ferrovias. A Rússia 87.000 quilômetros. E a China 64 mil quilômetros.
O viés agora se complica ainda mais, porque o setor privado passou a sustentar que o que o governo quer entregar não atende em nada a demanda. Entre as controvérsias está a Transnordestina, cujo único fim até hoje foi servir de propaganda política. Por isso procuram outras alternativas.
Fonte: Portal AZ