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vaqueiroEle é conhecido como o desbravador do sertão, teve papel fundamental no desenvolvimento do Piauí, agora a atividade, que antes era amadora, hoje é profissão regulamentada em todo o Brasil. O Senado aprovou, nessa terça-feira, 24, um projeto de lei que reconhece e regulamenta como profissão o vaqueiro do sertão nordestino. Agora o projeto só precisa ser sancionado pela presidente.

 

A lei muda o status de quem lida com bois, cavalos, cabras, ovelhas e mulas. Com a aprovação do projeto, os vaqueiros também terão direitos previstos em todas as profissões, como horas extras, adicional de insalubridade ou de periculosidade e adicional noturno. O primeiro registro oficial de pagamento registrado para um cuidador de animal no Brasil foi em 1549, há quase 500 anos.

 

De acordo com a Associação Nacional de Vaqueiros do Brasil estima-se que exista um milhão de profissionais. No Piauí, além da labuta com o gado, o profissional também é patrimônio cultural, homenageado com a Festa do Vaqueiro e com a tradicional vaquejada. Reconhecendo o potencial do “profissional do mato” todos os anos, o Governo do Estado homenageia o símbolo do piauiense com a Comenda da Ordem Estadual do Mérito Renascença.

 

O escritor e historiador Marcos Damasceno, que luta pela regulamentação da profissão há anos no Piauí, fala da profissionalização como uma luta republicana. “O cotidiano de vaqueiro é duro e corrido; perigoso, até. Sacrificante, cansativo. Tem que ser destemido, antes de qualquer coisa. Coragem para enfrentar os perigos da Caatinga. A indumentária de couro (gibão, parapeito, chapéu, sandálias, luvas, perneira etc.) é desconfortável, mas necessária para sua proteção. - A regulamentação é o meio legítimo de reconhecermos a história desses heróis, muitas vezes esquecidos. Alguns vaqueiros já velhos e cansados necessitam continuar na labuta, e nem sempre por prazer, e sim por necessidade no labor”.

 

 

Em seus livros lançados Piauí afora, ele trata da vida e dos desafios do vaqueiro no cotidiano, o cenário: O Sertão. O escritor também aborda a necessidade da profissionalização do homem do sertão. “Com secas danosas, sol escaldante, paisagens tristes de doer o coração enfim. Sem hora certa para beber água, tomar café, almoçar, jantar; sem hora certa para dormir e para acordar. O vaqueiro vira escravo da rotina, da labuta rotineira, sem poder arredar os pés um só instante. Para encontrar e pegar uma rês ele precisa ter estratégia e sabedoria; a experiência conta muito. Além de ter que conciliar paciência com perseverança. E um toque - por que não? - de brutalidade. São esses os traços de um bom vaqueiro. - Os hábitos sertanejos têm mudado muito. Tem surgido o vaqueiro moderno, com mudanças preocupantes; até o cavalo está sendo substituído pela moto. Diante de uma globalização avassaladora, em que tenta ignorar - e até dizimar - o regionalismo, se faz necessário a regulamentação”, finaliza.

 

AscomPI