Nessa quinta-feira, 14, a CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira quebrou os sigilos dos governadores de Goiás e do Distrito Federal. Eles foram ouvidos esta semana e já tinham concordado com a medida. A decisão foi unânime: o sigilo fiscal, das contas bancárias, telefônicas, das mensagens de celular e da internet dos governadores Marconi Perillo (PSDB) e Agnelo Queiroz (PT) será quebrado pelo prazo de dez anos.
A CPI também aprovou a quebra de sigilo da Excitant Confecções, emitente dos cheques de R$ 1,4 milhão pagos na venda da casa do governador Marconi Perillo. E foram convocados para depor Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira; Lúcio Fiúza, ex-assessor de Marconi Perillo; e o jornalista Luiz Carlos Bordoni. Mas a grande expectativa de ontem era para a votação dos requerimentos de convocação de Fernando Cavendish, diretor licenciado da construtora Delta, e de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Havia 11 requerimentos pedindo a convocação de Fernando Cavendish e outros oito pedindo a convocação de Luiz Antonio Pagot. Mas o relator da CPI, deputado Odair Cunha, encaminhou voto pedindo o adiamento das convocações. Para Odair Cunha, antes de ouvir Cavendish e Pagot é preciso analisar os documentos que já chegaram à CPI. Parlamentares contra e a favor discutiram em plenário.
“Não ouvir neste momento o Pagot e o Cavendish, com todo respeito ao relator, é transformar isso numa CPI café com leite, numa CPI que não quer chegar a um bom resultado.”, afirmou Pedro Taques. “Essa CPI tem que examinar a organização criminosa do senhor Cachoeira. Então, é um erro político sairmos daqui com a convocação do Pagot”, destacou o deputado Cândido Vacarezza (PT-SP).
Os requerimentos foram derrotados. O relator teve que dar explicações.
“Nós não rejeitamos a convocação do Cavendish. Nós simplesmente não decidimos esse tema nessa data. Vamos fazê-lo mais adiante”, diz o relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
O deputado Miro Teixeira apresentou um requerimento de informação sobre um suposto encontro de parlamentares com Fernando Cavendish, em Paris, no início de abril.
“Eu quero saber se houve uma delegação de parlamentares a um país africano. Saber se pela época da Semana Santa alguns estavam voltando por Paris. E procurar saber se almoçaram com Fernando Cavendish, e, entre esses, se algum participa dessa comissão”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
O senador Ciro Nogueira, do PP do Piauí, confirmou que esteve em Paris com Fernando Cavendish, na Semana Santa. Mas disse que o encontro foi casual, sem agendamento prévio, num restaurante da capital francesa. Ciro Nogueira faz parte da CPI e votou nessa quinta pelo adiamento da convocação de Cavendish e de Luiz Antonio Pagot.
Jornal Nacional