No limiar do processo eleitoral municipal 2020 em Floriano, lanço um olhar da janela lateral para o pleito, o qual se constrói por meio de muitas variáveis em constante mobilidade até outubro. Tecerei quatro ou cinco considerações no sentido de oferecer um panorama de pistas para a compreensão do momento.
Inicialmente é importante frisar que, nos últimos 49 anos Floriano teve poucos prefeitos. São 6 no total em um universo de 12 mandatos e apenas 2 reeleitos: José Bruno dos Santos (1 mandato), Manoel Simplício (3 mandatos), Adelmar Pereira (1 mandato), José Leão (3 mandatos), Joel Rodrigues (3 mandatos) e Gilberto Júnior (1 mandato). Isso reflete o grau de complexidade que se traduz nas disputas políticas travadas em nossa Princesa do Sul. Então, estamos nos aproximando de mais um pleito apontando para equilíbrio e emoções, conforme os desenhos rabiscados até o momento.
Outro aspecto de destaque para 2020 é um número enorme de postulantes ao certame para prefeito que surgiu em menos de 1 ano. Considerando alguns que já declinaram da disputa foram 15 até hoje: Almir Reis, Antonio José, Bilu, Conegundes Gonçalves, Carlos Antonio, Didi da Lotérica, Gilmar Duarte, Jayro Honório, Joel Rodrigues, Lauro César, Lima, Manoel Simplício, Maurício Bezerra, Ribamar dos Santos e Silas Freire. É um sinal que merece atenção e análise, porém, as composições de abril e de agosto definirão com maior clareza o retrato da disputa e seus desdobramentos. E não se pode esquecer que a disputa para as próximas eleições engloba vagas para candidaturas de vereador(a) e vice-prefeito (a) também.
Vale ressaltar também, sobretudo para a ala governista, o desafio e ineditismo histórico de um quarto mandato em Floriano. Muito embora a política viva em constante transformação e cada eleição tenha sua peculiaridade, o fato de nenhum candidato ter logrado êxito na corrida por um quarto ciclo governamental não pode ser descartado na conjuntura florianense. Naturalmente há os desgastes e o tom da condução administrativa interferindo diretamente na avaliação popular. O governo tem sua musculatura congênita e por isso mesmo nunca pode ser subestimado. Merece respeito na testilha por sua própria condição na estrutura social de poder.
No tocante ao flanco oposicionista, o que se apresenta agora é um cenário de possibilidades e incertezas quanto aos caminhos a serem seguidos. Mesmo em um panorama de equilíbrio, segundo os últimos levantamentos, as chances reais se concentram na unificação de uma plataforma bem definida do ponto de vista político e de gestão a ser construída e explicitada para os eleitores apreciarem e realizarem suas escolhas. Assim como um quarto mandato se confirma como um tabu para a situação no contexto florianense, vencer as eleições de quem está no mandato se revela como algo bastante complexo. Segundo levantamento feito pelo GLOBO em 2015 (matéria O PODER QUE REELEGE de Chico de Góis, Fábio Vasconcellos e Gabriela Allegro), de 1998 a 2014 61% dos prefeitos que concorreram à reeleição foram reconduzidos ao cargo, ou seja, de cada 10 disputas 6 são vencidas pela situação e 4 pela oposição. Em suma, existem pontos favoráveis e desfavoráveis que deverão ser medidos. No entanto, cada realidade municipal é única e tem muitos elementos específicos.
Portanto, o que temos para hoje é uma atmosfera indicando um certo equilíbrio no pleito, mas que pode sofrer profundas e significativas modificações conforme a relação que cada interessado no processo estabelece com o tripé norteador demanda-oferta-decisão. Em um futuro breve observaremos o comportamento das “peças” no “tabuleiro” político municipal e chegaremos a conclusões.
(Professor Mestre Jardel Viana – SEDUC MA/UFPI)
23.01.2020