O país inteiro está vivendo a efervescência da campanha eleitoral com desfecho na votação que acontece no mês de outubro de 2012. Todos os partidos buscam aliados para a próxima disputa do poder político. Uma correlação de forças que esconde muitos detalhes das intenções de conquistas partidárias. Historicamente, no Brasil, os interesses pessoais, familiares, empresarias e meramente partidários têm dominado a cena política, em detrimento da solução para muitos problemas endêmicos que a população sofre.
Para isso, muitos partidos, ou quase a totalidade, desconsideram a identidade política e em cada eleição mergulham em contradições, no anseio de construir relações que garantam a chegada ao cargo pleiteado. As críticas de enfrentamentos anteriores são esquecidas. Isso tudo acontece, na minha opinião, pela falta de consistência ou mesmo ausência de projeto social voltado para as conquistas coletivas, desenvolvimento sustentável e lisura com os recursos da população. Assim, a maior parte dos eleitores, alheios a essas jogadas políticas, é usada para eleger candidatos sem compromissos com as necessidades do povo.
Temos um episódio bem sintomático da síndrome de incoerência, quando a linha ideológica que definia, separava os partidos em direita e esquerda ficou tênue. Causa estranheza o pacto eleitoral entre o PT (representado por Lula) e o PP (representado por Paulo Maluf) selado no dia 18 de junho, para ampliar a possibilidade de vitoria do candidato a prefeito de São Paulo, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad. Essa situação ilustra muito bem o que relacionei no início deste singelo artigo. O interesse político perpassando a decência ,a ética, a coerência e, também, a credibilidade.
Isso tem força no argumento, considerando que o PT durante 30 anos fez sistemática oposição ao político Paulo Maluf e seus aliados eventuais. Sempre relacionado a corrupção com desvios de recursos públicos e improbidade administrativa de toda ordem, somado a acusação de autoria de contas fantasmas pelo mundo afora, o termo “malufismo” foi estigmatizado como sinônimo de roubalheira. A militância do ex-presidente Lula, em São Paulo, foi marcada por esta trajetória de combate aos egressos da ditadura militar.
A história anda e hoje temos os petistas e malufista no mesmo barco, com todos os requintes das negociatas tão criticadas pelo PT no passado. Só para se ter uma idéia da ficha suja do Paulo Maluf: o ex-prefeito já foi preso pela Polícia Federal e está na lista de procurados da Interpol e pode ser preso e extraditado para os Estados Unidos caso deixe o país. É acusado pela Procuradoria-Geral de Nova York por suposta prática de lavagem de dinheiro e envio ilegal de US$ 11,6 milhões para uma conta bancária nos EUA. Caso seja condenado, pode cumprir até 25 anos de prisão. Estas são as companhias do Partido dos Trabalhadores. “Enquanto os homens exercem seus podres poderes morrer e matar de fome de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais”...( Podre Poderes - Caetano Veloso).
Jalinson Rodrigues – Jornalista.
Da redação