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manecoA dez meses de completar 80 anos, o escritor Manoel Carlos é um dos maiores nomes da história da televisão brasileira. Para tristeza dos fãs, ele se prepara para se despedir das novelas. O autor anunciou que a Helena vivida pro Júlia Lemmertz em seu próximo folhetim será a última. Na última segunda, 14, dia em que foi o grande homenageado no Prêmio Contigo de Televisão, no Copacabana Palace, no Rio, o autor conversou sobre este momento tão marcante.

 

— Pedi à Globo que a última Helena das minhas novelas fosse a Júlia Lemmertz, porque a primeira foi a Lilian Lemmertz, mãe dela, em Baila Comigo [1981]. Sempre que passava pela Júlia, eu falava no assunto e dizia “olha, quando for a última, é com você”. Por isso, ela está reservadíssima há um ano. Sem ela, eu mudo tudo.

 

Nascido em São Paulo, em 14 de março de 1933, Maneco, como é chamado carinhosamente, desde cedo esteve ligado às artes. Na adolescência, era frequentador da biblioteca Mário de Andrade, no centro paulistano, onde discutia teatro e literatura com amigos como Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Fabio Sabag, Flávio Rangel, Antunes Filho e Cyro Del Nero.

 

Começou na TV em 1951, na Tupi, onde adaptou mais de cem obras teatrais, nos famosos teleteatros. Nos anos 1960, marcou época na Excelsior com a série Brasil 60. Depois, passou a ser redator de Chico Anysio na TV Rio. De volta a São Paulo, em 1964, criou na Record a lendária Equipe A, grupo de diretores formado por ele, Tuta de Carvalho, Raul Duarte e Nilton Travesso que revolucionou a história da TV, criando programas como Hebe Camargo, O Fino da Bossa, Esta Noite se Improvisa e Família Trapo, que lançou Carlos Alberto de Nóbrega e Jô Soares no mundo do humor.

 

Desde 1972 Maneco trabalha na Globo. Lá chegou como diretor-geral do Fantástico. Depois, voltou a trabalhar com Anysio no Chico Total. A primeira novela foi em 1978, Maria, Maria, com Nívea Maria de mocinha e Herval Rossano na direção. Desde então, se apaixonou de vez pelo folhetim.

 

— Escrever novela é um trabalho que faço com amor. É algo difícil, custoso, mas recompensador.

 

Na virada para os anos 1980 fez parte da equipe que criou Malu Mulher, seriado que inovou ao adotar o discurso da mulher independente vivida por Regina Duarte. A primeira novela com texto original de Maneco foi Baila Comigo, em 1981. Depois, ainda implantou o núcleo de teledramaturgia da Manchete, até voltar à Globo em 1991, onde, desde então, faz parte do time dos principais autores.

 

Entre seus maiores sucessos, estão Felicidade (1991), Por Amor (1998), Laços de Família (2000) e Mulheres Apaixonadas (2003) e as minisséries Presença de Anita (2001) e Maysa, Quando Fala o Coração (2009). Maneco revela que ainda não há data certa para sua última novela ir ao ar.

 

— A novela seria para o ano que vem ou para janeiro de 2014. Se for a produção logo após a da Glória Perez [Salve, Jorge, com estreia prevista para outubro], tenho que começar a escrever daqui a uns três, quatro meses. Se for a novela após a que vier depois da Glória Perez, aí tenho mais tempo. Estamos resolvendo.

 

Ele já anunciou outras vezes a aposentadoria. Mas sempre é convencido pela Globo a fazer mais uma novela. Dessa vez, diz que não voltará atrás.

 

— Espero que seja mesmo a última, porque escrever uma novela exige vigor, e estou cansado. E a TV Globo entende a minha posição. Mas nada está totalmente fechado ainda.

 

A nova Helena já está escrita e definida.

 

— Dessa vez fiz diferente. Geralmente crio o papel e depois a atriz é escolhida. Mas, para a última novela, criei um papel especialmente para a Julia Lemmertz. E certamente a mãe dela aparecerá em flashbacks durante a história, como uma forma de homenagem, em uma ponte com Baila Comigo. Afinal, das Helenas ela foi uma das mais importantes, por ter sido a primeira.

 

Para quem pensa que, com o fim de novelas, Maneco se despedirá definitivamente da TV, ele diz algo que reconforta os fãs noveleiros.

 

— Já estou com 61 anos de TV, e por isso quero escrever uma última novela, está de bom tamanho. Mas, depois vou me dedicar às séries e minisséries, a obras menores.


R7