A Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc) está oferecendo curso de teatro gratuito aos alunos das escolas públicas estaduais. O curso acontece na Casa da Cultura, em Teresina, com carga horária de 40 horas.
“Iniciamos uma turma com 25 alunos na segunda-feira, 19, no curso de iniciação ao teatro, como o objetivo de fomentar o teatro nas escolas. Inicialmente temos alunos de quatro escolas da capital e esperamos estender o curso ao interior do Estado”, afirma Moises Chaves, ministrante do curso.
“Quero ir além das aulas de teatro do Programa Mais Educação que são oferecidas na escola. Essa iniciativa da Secretaria de Educação me oportuniza isso, aprender com um profissional renomado e poder sonhar com um futuro melhor”, relata a adolescente.
A Fundação Cultural do Piauí (Fundac) trabalha no intuito de fomentar as diversas formas de expressões culturais e promover o desenvolvimento da cultura regional em todo o território piauiense. O órgão desenvolve ações durante todo o ano na capital e nos municípios do interior do Estado.
No calendário anual da Fundac está prevista a atuação em diversos eventos, como a Batalha do Jenipapo, em Campo Maior; atividades durante a Semana Santa de Teresina e de outros municípios do interior do Piauí; os Folguedos; festivais culturais em diversos municípios, como Pedro II, Oeiras, Bom Jesus e São João; além de promover programações natalinas e atrações culturais em Luís Correia, no período de férias.
“Nós temos a obrigação de cumprir as atividades que estão em nosso calendário, mas além delas, também realizamos novas atividades”, explica o diretor de Assuntos Culturais, Franklin Pires. Entre as novidades implementadas pela Fundac, ainda este ano, estão a criação de dois prêmios, o Helly Batista de Dança e Arimatam Martins de Teatro, para incentivar a produção cultural no interior do Estado com a doação de 10 mil reais aos grupos aprovados através de edital - as inscrições podem ser feitas até o dia 26 de novembro.
O órgão, também promoveu a implantação de bandas de música em 16 municípios do Piauí. As bandas são destinadas a cada município com instrumentos e um professor de música, que passa seis meses em cada localidade.
“Também temos nos preocupado para que em todos os festivais aconteça a integração das artes. Antigamente esses eventos só eram de música e, hoje, inserimos teatro, música cinema e dança”, esclarece Franklin Pires.
Ações para 2013
Para o ano de 2013, mais atividades estão sendo planejadas pela Fundação. A publicação do Almanaque Cultural do Piauí, previsto para ser lançado em março, irá elencar os principais artistas do Estado que atuam no meio cultural.
O cinema independente terá destaque através da realização do Primeiro Festival de Cinema Digital Independente, para valorizar as produções na área de audiovisual. “Buscaremos atender os produtores que estão fazendo filmes de pouca verba, mas que não deixam de ser audiovisual. Esses produtores estão contando a nossa história”, conta o diretor.
A Sala Torquato Neto, localizada no Clube dos Diários, também será revitalizada para atender as demandas de espetáculos de teatro, música e cinema. “A nossa preocupação é com a cultura de todo o Piauí”, finaliza Franklin Pires.
Cinco editais do Ministério da Cultura, lançados hoje, 20, pretendem incentivar a produção cultural negra no país. Produtores e artistas negros poderão concorrer com projetos nas áreas de audiovisual, circo, dança, música, teatro, artes visuais, literatura, pesquisas acadêmicas e pontos de cultura. De acordo com o ministério, serão destinados cerca de R$ 10 milhões. O lançamento faz parte das comemorações ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado hoje.
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, destacou que é a primeira ação afirmativa assumida pela pasta. “O objetivo é aumentar as oportunidades para a comunidade negra poder se inserir na produção cultural”, explicou. Ela apontou que os editais são ainda uma forma de facilitar o acesso aos recursos disponíveis na área da cultura. “Dentro do ministério, percebemos que era difícil entrar na Lei Rouanet e mesmo se conseguisse aprovação, era complicado captar os recursos para fazer acontecer”, avaliou.
Para Luiza Bairros, ministra-chefe da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a ação abre caminhos para que outros órgãos do governo, especialmente as empresas estatais, adotem critérios semelhantes para patrocínio de projetos. “Tenho certeza que esta decisão do ministério vai ter repercussão nas políticas culturais adotadas pelas empresas. Era este efeito demonstração que precisávamos criar”, aposta.
Segundo a ministra, as medidas de incentivo podem mudar o paradigma ao qual a cultura negra está vinculada. “As artes negras no Brasil, muitas vezes, são lidas como folclore, como algo que não tem relação direta com a dinâmica atual da nossa sociedade. Com os editais, vamos dar visibilidade às formas de expressão que dialogam com o Brasil de hoje e do passado e, sobretudo, apontamos para a possibilidade da cultura se fortalecer em cima da sua diversidade.”
Marta Suplicy negou que a iniciativa de lançar editais específicos para a população negra seja uma forma de preconceito. “Eu acho que preconceito é o negro não ter acesso. Quando você dá oportunidade, você quebra a barreira”, defendeu. Luiza Bairros reforçou que os editais estão amparados no Plano Nacional de Cultura, no Estatuto da Igualdade Racial e em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que reconhecem a legalidade de ações afirmativas.
O Edital Curta-Afirmativo, sob responsabilidade da Secretaria do Audiovisual, vai apoiar seis produções em curta-metragem, no valor de R$ 100 mil cada, que sejam dirigidos ou produzidos por jovens negros com idade entre 18 e 29 anos. Na primeira edição, a temática e o formato (documentário ou ficção) são livres.
A Fundação Nacional de Artes (Funarte), por meio do Prêmio Grande Otelo, irá financiar 33 projetos nas áreas de artes visuais, circo, dança, música, teatro e preservação da memória, totalizando R$ 4,3 milhões. As premiações variam de R$ 100 mil a R$ 200 mil para cada ação selecionada.
A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) será responsável por três editais. Um deles destinará R$ 500 mil para apoiar a coedição de até 25 livros de autores negros. Também serão apoiados trabalhos acadêmicos com o intuito de fomentar o surgimento de novos escritores e pesquisadores na área. Serão destinados R$ 195,6 mil, distribuídos em bolsas de estudo que variam de R$ 500 a R$ 2,5 mil. A FBN vai financiar ainda a criação de 30 pontos de leitura de cultura negra, sendo pelo menos um em cada estado, no valor total de R$ 3,2 milhões.
Em discurso na sessão desta terça-feira, 20, a deputada Rejane Dias (PT) lembrou a passagem do Dia da Consciência Negra, data que coincide com a morte do líder negro Zumbi dos Palmares, em 20 de novembro de 1695. Zumbi organizou a resistência no Quilombo dos Palmares, um marco na luta pela liberdade dos negros e seus descendentes.
“Nesta data é celebrado Dia da Consciência Negra, dedicado à reflexão sobre a inserção e a discriminação do negro na sociedade brasileira. As raízes negras é uma das três hastes que sustentam nossa cultura”, frisou.
Rejane Dias lamentou que 300 anos de escravidão tenham causado na cultura brasileira uma segregação racial com os recém-emancipados. “Inicialmente, os negros foram tratados como cidadão de segunda e terceira classes e, ainda hoje, são discriminados de diversas maneiras”.
A deputada acrescentou que estudos comprovam que mesmos negros e brancos, colocados em situações de igualdade de alfabetização e educação, o segundo vai ter mais chance de participar de determinados grupos sociais, conseguindo melhores colocações no mercado de trabalho e de renda, sendo melhor atendidos em serviços.
"Essa discriminação a sociedade brasileira não quer enxergar, mas a ciência desmascara. A discriminação acontecia de forma explícita e exacerbada, a situação era tão ruim, que negros miscigenados negavam suas origens para evitar humilhação em todos os setores da sociedade”.
Rejane prosseguiu a sua fala lembrando várias conquistas dos negros graças às políticas compensatórias adotadas pelos governos, como a criminalização do racismo e a criação das delegacias especializadas em coibir esse tipo de crime; a adoção do sistema de cotas das universidades, entre outras.
“Um homem negro não é menos inteligente que um branco. Se vemos poucos negros nas universidades é porque a organização social dificulta muito sua chegada até lá... Hoje somos parte de cada uma das matizes brasileiras. O fato de alguém ter a pele mais ou menos clara que outro não quer dizer que sangue negro não corre nas suas veias”, ressaltou, citando o fato da sociedade brasileira ter sido formada por índios, negros, brancos, árabes, orientais e outros povos que aqui fixaram suas raízes ao longo dos séculos. “Por mais direitos e respeito ao povo negro, parabenizamos às pessoas que se dedicam a esta causa no Estado”.