É fato incontestável que os agricultores familiares do estado do Piauí estão mais pobre e sofrendo dificuldades, até mesmo para garantir o pão de cada dia. A seca, como fenômeno natural, deixou a vida destas pessoas mais complicada. Segundo a Federação dos Trabalhadores da Agricultura (FETAG - PI), as perda nas culturas de milho, feijão e arroz foram em torno de 95%. Para complicar ainda mais a situação do homem pobre do campo, foram registradas perdas de 85% da safra de caju e 80% da de mandioca.
Mas, a natureza é mãe e começou a sinalizar que a situação do camponês vai melhorar com as chuvas, trazendo umidade para o nosso árido sertão. A esperança por dias melhores começa a ocupar o imaginário do sertanejo, que busca na fé a força necessário para vencer as adversidades. Com chuva, sementes e o trabalho incansável do agricultor, a lavoura pode volta a garantir o sustento destes bravos, tão importantes na produção de alimentos, tanto para o sustento da família como para a venda nas feiras do nosso Nordeste.
Mas, o agricultor precisa de ajuda para vencer os efeitos residuais da seca. Chegaram as chuvas mas faltam as sementes. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Floriano, existem um total de 55 comunidades, com aproximadamente 8 mil agricultores, que esperam do Governo do Estado e da Prefeitura este incentivo. A entidade rural declara que já fez o pedido de 20 mil quilos de feijão, 15 mil quilos de milho e 5 mil quilos de arroz. Porém, as autoridades, até o momento nada fizeram.
É sempre assim: os agricultores familiares não contam com o apoio irrestrito dos governos, nas três esferas. As ações, quando existem, são fora do compasso da vida no campo. Começou a chover e já deveria existir um plano governamental para suprir as necessidades da nossa agricultura e repor as sementes perdidas.
Com o agronegócio é diferente. Os governos constroem estradas, doam incentivos fiscais e ainda colocam entidades públicas de pesquisa para auxiliar nas descobertas de melhoramento genético que a aumentam a produção das grandes empresas, muitas multinacionais. Estas empresas, além de causar desequilíbrio ambiental, empregam poucos trabalhadores da região e levam os lucros financeiros para os centros mais desenvolvidos do país.
As medidas como seguro safra e estiagem não restauram a dignidade do sertanejo. “Seu doutô os nordestino têm muita gratidão/ Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão/ Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/ Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão (sic)”... (Luiz Gonzaga).
Jalinson Rodrigues – jornalista.
Da redação