Com o cronograma apertado, a preparação da Copa do Mundo de 2014 pode sofrer um duro golpe em março. A Força Sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Sindical Internacional (CSI) e Federação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada orquestram para o próximo mês uma paralisação geral nas obras dos 12 estádios para o Mundial.
A ideia é que os aproximadamente 25 mil operários espalhados pelas cidades-sede (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá, Brasília, Natal, Fortaleza, Manaus, Recife e Salvador) cruzem os braços, caso não seja aprovada uma proposta única de piso salarial e benefícios para todos os trabalhadores.
A decisão quanto à paralisação ou não deve sair até o dia 15 deste mês, quando as forças sindicais pretendem ir a Brasília para se reunir com o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, e com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
- Existe a possibilidade da paralisação, caso nossas reivindicações não sejam atendidas. A ideia, na realidade, é de iniciarmos um processo de negociação com governo. As centrais sindicais acharam por bem uma negociação unitária, com uma pauta unificada. As obras estão concentradas nas mãos de poucas construtoras. Isso está sendo feito para que possamos nos antecipar aos problemas. Na África do Sul, um pouco antes da Copa, teve confusão com os trabalhadores. Não queremos que esse tipo de coisa aconteça e prejudique o andamento da Copa no Brasil - disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves.
Entre as principais reivindicações das forças sindicais estão o piso nacional unificado de R$ 1,1 mil para ajudantes de obras e de R$ 1,580 para pedreiros e carpinteiros, hora extra com percentual de 100% durante os dias de semana, cesta básica no valor de R$ 35 e planos de saúde extensível a familiares.
A paralisação, caso realmente aconteça, ainda não tem data confirmada. O certo é que poderá coincidir com a vista do presidente da Fifa, Joseph Blatter, e do secretário-geral da entidade, Jérôme Valckle, ao Brasil em março. As forças sindicais, no entanto, garantem que a data nada tem a ver com a presença dos dirigentes no país.
Uma greve geral seria inédita nas obras dos estádios para a Copa do Mundo, mas paralisações isoladas já acontecem por todo o país. Em Recife, na Arena Pernambuco, os trabalhadores estão parados deste o dia 25 de janeiro. Nesta quinta, a Justiça do Trabalho de Pernambuco julgou a greve ilegal. Em Salvador, por sua vez, os trabalhos na Arena Fonte Nova ficaram parados por dois dias. As atividades só retornaram nesta sexta-feira.As greves colocam em risco a inclusão das duas cidades na Copa das Confederações.
Outros estádios já enfrentaram problemas. Em setembro do ano passado, os trabalhos no Maracanã pararam por 19 dias. No mesmo mês, operário do Mineirão também pararam por cinco dias. A greve, inclusive, coincidiu com uma visita da presidente Dilma Rousseff ao estádio.
Globo Esporte