Longe do Flamengo após a derrota na eleição de dezembro de 2012, a ex-presidente do clube Patricia Amorim pode se distanciar definitivamente da Gávea. E o fato não aconteceria por vontade própria, mas sim por decisão de uma comissão do Conselho Deliberativo que será criada na noite desta terça-feira para apurar os gastos não justificados da antiga mandatária no ano de 2011.
Após quase seis meses de análises e muitas contas, a auditoria realizada por uma outra comissão criada para apurar o adiantamento de mais de RS 7 milhões em receitas para 2011 constatou que R$ 1,6 milhão dos gastos de Patricia não foram justificados da maneira correta.
Neste montante, chama a atenção dos auditores um gasto de aproximadamente R$ 45 mil para festa de confraternização de funcionários justificado com nota fiscal do ano de 1994.
"De fato, houve a festinha lá para o pessoal, o que é justo e muito bonito até. E dentro de uma realidade, realizada com um custo barato. O que não pode é apresentar uma nota datada de quase 20 anos atrás para isso. Temos que entender exatamente o destino de uma receita do clube", disse o presidente da comissão criada para investigar os gastos de Patricia, Moysés Akerman.
Além de Patricia Amorim, outros três nomes surgem como responsáveis pelos gastos não justificados: o ex-vice de finanças Michel Levy, o controller (responsável pela área contábil) do clube na época, William Pereira, e o então presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro.
"A empresa que paga o evento é co-autora ao aceitar e repassar uma nota tão antiga. Todos sabiam disso", reforçou Moysés.
O presidente da comissão explicou detalhadamente todo o processo que pode culminar com a expulsão de Patricia Amorim do quadro social do clube e obrigar a antiga mandatária a devolver o valor não justificado.
"Primeiro, votamos a prestação de contas e observamos que um valor de R$ 7 milhões não estava batendo. Aprovamos parcialmente o exercício de 2011, fizemos uma ressalva e criamos essa comissão para apurar esta inconsistência. Refazendo as contas e com novas justificativas, tivemos ainda um gasto de R$ 1,6 milhão indevido. Vamos apresentar o parecer na reunião [Conselho Deliberativo] desta terça e definir a criação de uma nova comissão. Desta vez, será aberto um processo disciplinar. Eles precisam explicar e, claro, se defender. Daremos esse direito".
Procurada pela reportagem desde o final da última semana para explicar as contas, Patricia Amorim não respondeu os contatos feitos por telefone e mensagens de celular.
Em entrevistas recentes, porém, a ex-presidente dizia que não tinha nada mal explicado e que tal processo só fora aberto por conta de perseguição política do grupo que está no poder.
Moysés Akerman respondeu. "Ninguém persegue ninguém. Esse pessoal tem que entender isso. Queremos apenas fechar uma conta. Aconteceram coisas que não têm uma explicação coerente nos balanços e temos que esclarecer. São valores estranhos. É simples. O que pretendemos é criar um modelo para que isso não ocorra mais. Os responsáveis têm que entender isso. Vamos apurar e até punir quem lesou o clube, se necessário. Queremos dar esse exemplo, mas sem qualquer tom político. Pensamos apenas na saúde financeira do Flamengo", argumentou Akerman, que ainda disse ver solução pacífica para a questão.
"E eles podem muito bem resolver isso: é só aparecer com as notas. Se tiverem boas justificativas e provarem de maneira correta os gastos, está encerrado o assunto. Não precisa nem ter reunião. Do contrário, criaremos uma nova comissão, sim. Não podemos deixar passar", encerrou.
Fonte: uolesportes