Entrevistas limitadas, nada de assédio no hotel e isolamento até mesmo do local de competição. Sarah Menezes e os outros brasileiros da seleção olímpica de judô serão submetidos a uma verdadeira blindagem para garantir sua concentração antes das lutas nas Olimpíadas de Londres.
Um dos objetivos da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) ao reunir jornalistas de todo o país nesta quarta-feira, 27, em sua sede no Rio de Janeiro, foi pedir compreensão para a imprensa. Até mesmo veículos que vão transmitir as lutas ao vivo receberam as desculpas antecipadas: quem lutar só dará entrevista após o término de sua participação no torneio.
No dia de lutas, nenhum atleta também falará com jornalistas antes de entrar no tatame. A orientação não é da organização dos Jogos Olímpicos, sempre cheia de exigências. É dos técnicos para os próprios judocas. Só a assessoria de imprensa marcará entrevistas e em datas e horários já determinados. Sarah Menezes e Felipe Kitadai serão os primeiros a lutar pelo Brasil, no dia 28. Mas todos os atletas só verão jornalistas até o dia 24.
A blindagem já começa bem antes. O veículo que não designar jornalista para cobrir exclusivamente o judô terá de enviar um profissional para viajar de trem por duas horas, de Londres a Sheffield, cidade onde os judocas farão sua aclimatação. A delegação ficará longe do assédio natural da Vila Olímpica.
Nos dias de lutas, há um intervalo entre a fase classificatória e as semifinais. Nesse período, os judocas brasileiros não ficarão no ExCel, local dos confrontos, mas no hotel Ramada, a cerca de 200 metros dali. Lá, Sarah Menezes terá o auxílio de fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, massoterapeuta, estrategista (que filma as lutas das adversárias) e outros profissionais. Mas sem conversar com qualquer outra pessoa alheia a delegação brasileira do judô.
Durante o encontro com jornalistas, o coordenador técnico da CBJ, Ney Wilson, demonstrou empolgação com os resultados que o judô feminino pode ter. Chegou a declarar que "pela primeira vez o Brasil vai aos Jogos Olímpicos com a certeza de trazer uma medalha no judô feminino". Disse ainda acreditar em mais medalhas das mulheres que dos homens, mas fez uma ressalva: a equipe é muito jovem e menos experiente que o time masculino.
Outro motivo que pode justificar a blindagem, pelo menos para Sarah Menezes, foi o assédio sofrido pela judoca nos Jogos de Pequim, na China, em 2008. Ela admitiu que foi tomada pela ansiedade ao ser eliminada ainda na primeira luta. Na época, a procura da imprensa foi grande dada a chance da piauiense poder conquistar a primeira medalha brasileira no evento.
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