Recém chegado de uma viagem à Europa e a África, o piauiense Renato Campinho, surpreende por seu vigor físico. Natural de São Raimundo Nonato, Campinho já cruzou a fronteira de mais de 50 países em sua bicicleta. Atualmente, o "atleta ecológico" encontra-se em Brasília e em breve passará por terras piauienses de onde fará sua grande aventura rumo ao Alaska.
"Cheguei há poucos dias e estou me preparando para fazer uma viagem até o Alaska. Mas antes disso, irei passar por minha terra natal, São Raimundo Nonato, para visitar minha família e rever os amigos", disse Campinho.
A "Volta ao mundo ecológica", como o próprio ciclista define, já passou por países como Alemanha, Estados Unidos, México, Portugal, França, África do Sul e muitos outros. Na bagagem o ciclista traz recordações registradas em fotografias dos lugares por onde passou que vão desde as cidades mais populosas à imensidão dos desertos. "Por onde ando peço ajuda para continuar meu caminho", diz.
E, pelo que parece, essa ajuda sempre vem. Renato Campinho exibe com orgulho os certificados que recebeu em outros estados e em outros países, reconhecendo e aplaudindo a sua iniciativa. Ele também coleciona as matérias de jornais, e não são poucas que retratam sua volta ecológica.
Desde 2005, quando a aventura começou, já foram oito bicicletas, sem contar a quantidade de peças e pneus gastos numa viagem internacional. "Quando fui para os Estados Unidos gastei 500 pares de pneus", conta. A bicicleta se transforma ao longo da viagem e ganha lembranças de cada lugar percorrido. Ao final, o meio de transporte passa a ter 150 kg e exige ainda mais do atleta.
Campinho também traz muitas histórias na bagagem, e conta que já chegou a enfrentar um tornado. Além da bicicleta, leva com ele uma barraca, para as horas de descanso. A comunicação com os estrangeiros fica por conta das mensagens ecológicas, já que ele só tem o espanhol como segunda língua.
"Peço as pessoas para não sujarem o planeta, não poluir. Preservar a água potável, as nascentes dos rios e não fazer queimadas", diz. Segundo ele, países como Estados Unidos, México e Venezuela demonstram ter uma forte consciência ecológica.
Em 2000, inscreveu-se na Corrida de São Silvestre. Após tanto treino debaixo de sol e chuva, seria impossível perder, pensava ele. A confiança era tanta que fez uma promessa: caso não vencesse a competição voltaria para São Raimundo Nonato correndo. Ele não venceu, chegou bem atrás, mas cumpriu a promessa e correu 3,6 mil quilômetros em três meses e 20 dias.
O ex-boia-fria ficou famoso em sua terra natal, apareceu na imprensa e teve recepção de ídolo ao regressar. "Foi muito bom. Quando cheguei, a cidade toda estava me esperando com faixas. Tinha televisão, jornal e tudo quanto é programa de rádio. Hoje, eu me dedico apenas à bicicleta, mas ainda sou apaixonado por maratona", frisa.
O combustível para tanta disposição vem da rapadura. Na pequena bagagem que carrega na garupa, a iguaria é o único alimento que não pode faltar. "Quando eu fui aos Estados Unidos, atravessei a Lan Gran Sabana (região montanhosa da Venezuela) só com água e rapadura. Foram quase dois dias assim", conta.
Denominado por muitos como 'louco', Campinho responde as colocações. "Louco é quem passa o dia dentro de um escritório, sem tempo para apreciar a natureza, respirar ar puro, praticar esporte. Eu estou conhecendo o mundo, cada pedacinho dele. Não preciso de mais nada", finaliza.
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