O Brasil não tem nenhuma universidade entre as 200 melhores do mundo na edição 2013-2014 do ranking internacional Times Higher Education (THE), divulgado nesta quarta-feira, 30, em Londres. O ranking avalia o desempenho dos estudantes e a produção acadêmica nas áreas de engenharia e tecnologia, artes e humanidades, ciências da vida, saúde, física e ciências sociais.
Escola de Comunicações e Artes da USP
A Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) perderam várias posições na lista das principais instituições do mundo, de acordo com a revista britânica THE. A USP tinha alcançado o 158º lugar no ano passado, e agora figura na faixa dos 226º a 250º lugares. Já a Unicamp caiu da faixa dos 251º a 275º lugares para a dos 301º a 350º lugares.
Entre as novidades da metodologia para o novo ranking está a colocação de artes, humanidades e ciências sociais em igualdade às outras ciências, o que pode explicar a queda de posições da USP e Unicamp.
Para a professora Gláucia Maria Pastore, pró-reitora de pesquisa da Unicamp, o ranking deve ser analisado de forma relativa. "Os rankings são valores pontuais, refletem um ponto, mas não indicam uma tendência. No último ranking a gente estava em uma posição muito boa para uma universidade latino-americana", disse ela ao G1.
Gláucia diz que não considera a mudança metodológica como fator determinante para que a instituição tenha caído no rankin. "A área de humanidades da Unicamp tem também nichos de excelência muito grandes, em economia, ciências sociais, línguas."
Mesmo assim, ela diz que a universidade de Campinas tem dado mais atenção à maneira como a comunidade internacional vê a instituição. "A Unicamp está atenta a esses dados e está trabalhando em políticas e planejamento para estar em uma posição melhor nas próximas avaliações", diz. Uma das medidas tomadas foi a criação da Vice-Reitoria de Internacionalização, que vai atuar com a Pró-Reitoria de Pesquisa para desenvolver projetos e parcerias de intercâmbio para estudantes e professores da instituição.
A reportagem entrou em contato com a USP, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.
"Tem sido um ano ruim para o Brasil nos rankings de universidades", diz Phil Baty, editor da revista Times Higher Education. "Um país do seu tamanho e poder econômico precisa de universidades de primeira classe para incentivar o crescimento baseado na inovação, por isso é um sério golpe ver que não só o Brasil perdeu seu representante entre as 200 melhores, a USP, como a Unicamp ficou ainda mais longe do bloco de elite."
Baty ressalta, no entanto, que a USP está entre as 100 melhores no quesito "ciências da vida" e no de "reputação acadêmica". "Apesar da má notícia, o país continua a ter centros de excelência em pesquisa e conta com medidas em andamento para reforçar a sua garantia de qualidade." Baty destaca as ações de internacionalização do ensino superior por meio do programa Ciências sem Fronteiras, e espera que as universidades brasileiras aumentem o uso do inglês nos seus programas de ensino.
No topo
O primeiro colocado do ranking THE é mais uma vez o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). A Universidade Harvard subiu do quarto para o segundo lugar, alcançando a pontuação da universidade de Oxford (Reino Unido). Em quarto lugar está a Universidade Stanford (EUA). O Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) aparece em quinto lugar. Nenhuma instituição latino-americana aparece na lista, nem de países emergentes como Rússia e Índia.
No ranking das 200 melhores estão universidades de 26 países: EUA (77 instituições); Reino Unido (31); Holanda (12); Alemanha (10); França (8); Austrália, Canadá e Suíça (7); Bélgica, Japão e Suécia (5); Coreia do Sul (4); Dinamarca e Hong Kong (3); China, Irlanda, Israel e Cingapura (2); Áustria, Finlândia, Nova Zelândia, Noruega, África do Sul, Espanha, Taiwan e Turquia (1).
G1