Um único Traumatismo Cranioencefálico — conhecido como TCE — pode produzir uma degeneração neurológica contínua que afeta o conhecimento até quase 20 anos depois, revela um relatório apresentado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência e divulgado nesta quarta-feira (4).
O estudo aponta que apenas uma ocorrência de TCE pode trazer efeitos crônicos ao desencadear o acúmulo de proteína Tau, que desempenha um papel importante na geração do Mal de Alzheimer.
Ocorrências repetidas
Embora pesquisas anteriores tenham avaliados os efeitos negativos nas funções cerebrais de repetidas ocorrências de TCE, o estudo apresentado hoje analisou os efeitos de apenas um episódio, com acompanhamentos de até 18 anos após a apresentação do trauma.
O estudo, dirigido pelo professor Nikos Gorgoraptis, do Imperial College London, e que será publicada amanhã na revista Science Translational Medicine, realizou avaliações ao vivo em 21 participantes e as comparou com outras 11 pessoas como grupo de controle.
As imagens de tomografias por emissão de pósitrons (PET) foram analisadas utilizando o composto químico "flortaucipir", que se une à proteína Tau e facilita sua imagem e reconhecimento. Assim, os pesquisadores conseguiram comprovar a maior presença de Tau nos pacientes que sofreram apenas uma contusão.
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"O experimento revelou que, coletivamente, a coorte de TCE mostrou mais deposição de Tau (como indica uma maior união de flortaucipir) em comparação com 11 controles saudáveis", destacou a análise.
Pior desempenho em testes de memória
Da mesma forma, e apesar de se tratar de um único episódio traumático, as pessoas afetadas apresentaram um pior desempenho nos testes de memória e rendimento cognitivo. Os pacientes afetados por esta "maior deposição de Tau" também mostraram uma degeneração neurológica mais severa, diz o relatório.
O estudo aponta ainda que a maior acumulação de Tau também se relaciona com o prejuízo à matéria branca do cérebro, o tecido que isola e nutre os neurônios.
Os pesquisadores recomendaram a criação de tratamentos para identificar a presença de Tau em pacientes que tenham sofrido uma lesão traumática cerebral, mesmo tendo acontecido em apenas uma ocasião e anos atrás.
EFE
Foto: Pixabay