A síndrome disexecutiva é o resultado de um esforço para classificar as alterações cognitivo-comportamentais causadas por um dano cerebral.
Essa síndrome é consequência de um dano no lobo frontal, mais especificamente nas regiões pré-frontais. As funções executivas mais complexas são processadas nessa área.
Por essa razão, o dano na área pré-frontal causa a alteração de funções como a memória, a atenção, a linguagem e a percepção, mas principalmente o comportamento.
Portanto, a síndrome disexecutiva ou pré-frontal engloba um conjunto de sintomas que afetam o desempenho intelectual dos indivíduos.
Principais funções afetadas na síndrome disexecutiva
O lobo frontal é, metaforicamente, o maestro da orquestra do cérebro. Embora a função afetada dependa da área específica da lesão, as principais consequências se manifestam a nível:
Motor: alterações na capacidade de reagir, com perseveração e desorganização.
Atenção: as respostas orientadas são afetadas e o nível de atenção é menor.
Linguagem: a linguagem é muito afetada, há erros na denominação e fuga de ideias.
Percepção: a interpretação perceptiva e a identificação de objetos são alteradas.
Comportamento: a principal área afetada, dependendo da lesão; evidencia apatia, desinibição e intercâmbio social inadequado.
Memória: a capacidade de retenção e de recuperação é afetada.
As mudanças motorass alterações motoras geralmente se manifestam como reflexos patológicos. Estas são respostas automáticas descoordenadas e desadaptativas, como o reflexo de pressão.
Por outro lado, a perseveração consiste na incapacidade de implementar novas estratégias para executar tarefas. Um exemplo de perseveração é visto quando uma pessoa tenta abrir uma porta, e ao não ser capaz de fazê-lo corretamente, continua tentando da forma incorreta.
Finalmente, no que diz respeito à reação, os indivíduos podem ser hiperativos, com uma atenção dirigida bem diminuída.
Falhas de atenção na síndrome disexecutiva
Como já mencionamos, a atenção é uma função de base frontal. Nos indivíduos com danos nesta área vemos alterações como:
Reação aumentada às formas sensoriais.
Dificuldades em direcionar a atenção a uma tarefa.
Memória
Essa função é afetada em concomitância com as demais, podendo destacar várias mudanças na memória geral.
Em primeiro lugar, as tarefas de retenção são muito afetadas, assim como a memória anterógrada, que em muitos casos leva à confabulação. Também há uma desorganização sequencial dos eventos temporários, contribuindo para um estado generalizado de confusão.
Comportamento e síndrome disexecutiva
O dano pré-frontal nem sempre está associado à apatia e à falta de respostas emocionais, mas com a pouca elaboração, imediatismo e puerilidade. Geralmente, as mudanças no comportamento dependem do tipo e da localização da lesão, tendo consequências muito diferentes:
Lesões esquerdas. Esses pacientes mostram apatia, retraimento e desinteresse pelo intercâmbio social.
Lesões direitas. Geralmente apresentam desinibição emocional, comportamento sexual inadequado e imediatismo diante de estímulos.
Linguagem
Como o hemisfério onde a linguagem é processada é o esquerdo, as lesões esquerdas terão um impacto significativo na linguagem. A nível bilateral, as dificuldades de conceituação e análise são claramente afetadas.
Na maioria dos pacientes a linguagem formal é preservada, mas devido à má capacidade de planejamento e memória, esta é muito repetitiva. As mudanças comportamentais também afetam a comunicação.
Percepção
As alterações na percepção não costumam ser as mais visíveis, tornando-se mais evidentes em tarefas de busca visual (atenção seletiva).
Além disso, ocorrem com mais frequência erros no reconhecimento de pessoas e lugares, negligência espacial e dificuldades na direção dos movimentos oculares.
Os sintomas detalhados geralmente aparecem de modo comórbido quando há um dano no lobo frontal e, mais precisamente, no córtex pré-frontal. Mas estudos neuropsicológicos proporcionaram um detalhamento mais específico de acordo com a estrutura lesionada:
Circuito pré-frontal dorsolateral. Erosão das funções cognitivas, apontando para uma incapacidade de planejar e resolver problemas complexos. Também se destaca a perda da flexibilidade cognitiva e as dificuldades no início de tarefas motoras.
Córtex orbitofrontal. Quando esta área é afetada, destacam-se mudanças comportamentais como desinibição, agressividade, irritabilidade e incapacidade de se adaptar às normas sociais. Esses indivíduos geralmente se comunicam por imitação, tendendo a repetir os movimentos dos outros.
Círculo anterior ou córtex medial frontal. Essa área está associada à apatia e falhas na ativação e no comportamento espontâneo. Além disso, destaca-se a incapacidade de reconhecer expressões emocionais. Transtornos depressivos são muito comuns nesses pacientes.
Avaliação e tratamento
O diagnóstico geralmente é feito por um neuropsicólogo, utilizando exames padronizados para a avaliação da síndrome.
É também um processo que envolve a intervenção de um neurologista e outros profissionais da saúde. Isso se deve ao fato de que se faz necessária uma avaliação e um relato da lesão adquirida pelo paciente.
Em relação ao tratamento, a reabilitação baseia-se na recuperação ou manutenção da funcionalidade do indivíduo, dependendo de sua gravidade e das áreas cognitivas afetadas.
A intervenção também costuma ter um componente farmacêutico para controlar os sintomas que afetam a vida social do paciente.
Para concluir, é necessário ressaltar que esta síndrome se apresenta de forma adquirida em decorrência de lesões e derrames. O principal sintoma é uma negligência intelectual global, e a maioria das funções executivas são afetadas.
As síndromes de tipo cerebral adquiridas demonstram a importância de evitar fatores e comportamentos de risco.
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