Tomar laxante todos os dias com a intenção de perder peso é um grande erro. O medicamento pode causar problemas à saúde, além de não ser capaz de emagrecer.
De acordo com o gastrocirurgião Marcos Belotto, do Hospital Sírio-Libanês, para fazer efeito, o laxante causa uma irritação na mucosa do intestino. Quando uma pessoa passa a tomar o medicamento com frequência, essa irritação se torna constante, o prejudica a absorção de nutrientes.
“O laxante faz com que ocorra uma alteração de absorção de nutrientes, vitaminas e sais minerais e isso pode ser grave, com risco de levar a uma anemia”, diz Belotto.
O médico explica que o hábito de tomar laxantes, que causam diarreia, também pode fazer com que a pessoa passe a sofrer com hemorroidas – problema que também pode ser causado pela prisão de ventre.
O ideal é usar essa medicação o mínimo possível. Antes de recorrer a um laxante para "ajudar a ir ao banheiro", é melhor mudar a alimentação e aumentar a ingestão de água, segundo o especialista.
Belotto afirma que o laxante também pode causar um vício no intestino, que passa a funcionar apenas com o medicamento. Com o tempo, ele deixa de fazer efeito e a pessoa passa a precisar de um laxante mais forte e isso vai piorando cada vez mais.
Além dos possíveis problemas à saúde, o laxante não leva ao emagrecimento. Belotto explica que existem alguns medicamentos que causam diarreia e fazem com que a pessoa perca peso por causa da desidratação. Mas esse não é o efeito do laxante.
“Se a pessoa passa dois ou três dias sem fazer cocô, ela toma um laxante e acaba perdendo 1 ou 2 kg, mas porque ela estava com um problema, estava com a barriga inchada. Quem tem um intestino que funciona todos os dias, vai tomar laxante e não vai sentir esse efeito”, explica.
Em Veneza para participar do Festival de Cinema de Veneza, Bruna Marquezine desabafou nas redes sociais nesta quarta-feira (5) sobre as críticas que recebe em relação ao corpo. A atriz contou que as críticas chegaram a afetar a sua saúde. "Tomava laxantes todos os dias e me alimentava mal. Minha saúde foi embora, entrei em depressão”, revelou.
Uso de laxante pode ser sinal de bulimia
Tomar laxante todos os dias pode ser, de fato, um sinal de que algo está errado. De acordo com o psiquiatra Higor Caldato, especialista em transtornos alimentares, esse tipo de comportamento é cada vez mais comum, resultado da pressão social para que se tenha um corpo magro, dentro de um padrão de beleza ideal. O problema é que nem todas as pessoas são capazes de se adaptar às exigências por uma questão de biotipo.
“Por exemplo, todo mundo quer ser a Gisele Bündchen, mas apenas 2% da população tem aquele biotipo e pode ter aquele corpo. Quem não tem e deseja ter, muitas vezes, acaba fazendo loucuras pelo corpo desejado”, diz o especialista.
Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia nervosa, bulimia nervosa e a compulsão alimentar, sendo este último o mais comum. O que os três têm em comum é a insatisfação com a imagem corporal, seja com o peso ou com a forma. Por isso, os transtornos alimentares estão diretamente ligados ao transtorno de imagem corporal.
“A pressão cultural e social, o culto ao corpo, faz com que as pessoas acabem apresentando um comportamento transformado em muitos aspectos, entre eles, a alimentação”, explica Caldato que também destaca que o transtorno se instala quando a pessoa começa a restringir alguns grupos alimentares ou pular refeições, pensando que comer determinados alimentos pode resultar em um peso excessivo. “Este é um projeto insustentável, em alguns casos a pessoa para de se alimentar e nem mesmo come o suficiente para se manter vivo”, diz.
Outra possibilidade é a necessidade que a pessoa sente de se livrar do que comeu – e aí entra o laxante. Enquanto alguns tomam o medicamento em excesso, outros preferem provocar vômitos ou a prática excessiva de exercícios. “São indícios de que a pessoa está com um comportamento transformado”, alerta Caldato.
Ao perceber que a busca pelo corpo perfeito se transformou em obsessão, o ideal é procurar um médico. "Quando isso começa a limitar o dia, a ponto de a pessoa não conseguir trabalhar porque passa a maior parte do tempo pensando em comida, ou em se exercitar para emagrecer, tem algo de errado aí”, afirma o psiquiatra.
R7
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