Os termogênicos são suplementos utilizados por pessoas que buscam perder peso de forma mais rápida. Eles, em tese, melhorariam o desempenho nas atividades físicas. A procura por essas substâncias se tornou tão popular que o tema foi um dos destaques do Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM), realizado no final de agosto em Florianópolis, Santa Catarina.
Efeitos não comprovados
Oficialmente, os termogênicos comercializados em forma de suplemento (normalmente em cápsulas) alegam aumento do metabolismo e queima de gordura. Em teoria, essas propriedades auxiliariam o emagrecimento e melhorariam a disposição diária, a performance e o ânimo. “Mas, nenhuma dessas alegações se comprova cientificamente”, alerta o endocrinologista Fúlvio Santos Thomazelli, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
Segundo o especialista, houve um aumento na procura por esses produtos, principalmente nos últimos dez anos. “Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, se estima que a metade da população norte-americana faz uso de algum produto alegado como suplemento e, dentre destes, estão os termogênicos.”, diz Thomazelli.
Os termogênicos mais comuns são produtos estimulantes que alegam maior grau de alerta, de queima de gordura, menor fadiga e maior disposição para exercícios físicos. Entretanto, as evidências de sua segurança para a saúde de seres humanos são muito pobres. “Muitos estudos são feitos com animais ou pequenos grupos de pessoas. Não podemos dizer que essas propriedades se comprovaram para que isso seja usado em larga escala”, explica Thomazelli.
Riscos à saúde
Além de não terem seus efeitos e segurança comprovados, o uso de termogênicos está associado a riscos à saúde. “É preciso lembrar que, quando se fala em termogênico, estamos falando, muitas vezes, de várias substâncias misturadas. Na verdade, hoje, elas não trazem benefícios. Muito pelo contrário”, afirma o endocrinologista. As complicações mais descritas são palpitação, taquicardia, arritmia cardíaca, distúrbios do sono, irritabilidade, diarreia, tremores, tonturas, gastrites e, em casos extremos, infarto e AVC.
E quanto aos alimentos termogênicos como canela, gengibre, pimenta, óleo de coco, café e chá verde? O médico afirma que o que existe é uma alimentação saudável em geral e não um superalimento ou um alimento com uma única propriedade.
“O que existe é alimentação saudável. Ter isso é essencial para todo mundo. Quando a gente advoga que algum componente específico de algum alimento teria uma propriedade específica de benefício, estamos entrando em um campo temerário. Hoje, não temos segurança para indicar um alimento específico como sendo queimador de gordura ou fazer o indivíduo ter uma performance melhor.”, diz o endocrinologista.
Recentemente, a Anvisa lançou uma ferramenta na qual você pode consultar a lista de ingredientes e a quantidade mínima e máxima autorizadas nos suplementos em geral. “O uso de suplementação sem orientação médica é um problema de saúde pública. É necessária uma força tarefa para alertar o paciente dos potenciais riscos dessas substâncias”, finaliza Thomazelli.
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Foto: ayo888/Getty Images