De acordo com relatório do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade infantil no Brasil subiu 4,8% entre 2015 e 2016, representando o primeiro aumento em 26 anos. A taxa estava caindo desde 1990, quando foram registradas 47,1 mortes para cada 1.000 crianças com menos de 1 ano. No entanto, em 2016 foram contabilizados catorze óbitos de crianças com até 1ano a cada 1.000; em 2015 foram 13,3 mortes.
Causas
O Ministério da Saúde explicou que o indicador foi afetado pela redução de 5,3% na taxa de nascimento ocasionada pelo adiamento da gestação diante da epidemia de zika que colocou o Brasil em uma emergência sanitária entre novembro de 2015 e maio de 2017.
Além disso, muitos bebês morreram em decorrência de malformação causada pela infecção pelo vírus. Na época, foram registrados 2.753 casos em todo o país. A Região Nordeste foi a mais afetada. Esses fatores provocaram uma redução do denominador usado para o cálculo da taxa de mortalidade infantil.
Ainda segundo o relatório, o fator econômico também influenciou nos resultados: o país continua a se recuperar da recessão que teve início em 2015. Muitas das mortes infantis foram causadas por doenças que poderiam ter sido evitadas caso não tivesse ocorrido a perda de renda das famílias, estagnação de programas sociais e cortes na saúde pública, que prejudicaram serviços de saúde, como a vacinação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado para a queda na cobertura vacinal em todo o mundo, o que pode permitir o retorno de doenças já erradicadas. Além disso, houve uma alta de 12% nas mortes de menores de 5 anos por diarreia, passando de 532 para 597 no mesmo período (2015-2016). As regiões Nordeste (25%), Norte (8%) e Centro-Oeste (47%) foram as que mais registraram crescimento, correspondendo a 74% das mortes.
Perspectivas
De acordo com relatório da Unicef, apesar do aumento das taxas de mortalidade infantil, o Brasil ficou abaixo da média da América Latina, que registrou dezoito óbitos de crianças por 1.000 nascimentos entre 2015 e 2016. A previsão é que o Brasil mantenha a taxa mais alta (13,6), mas nenhum número oficial de 2017 foi divulgado até o momento.
Veja com AFP
Wathiq Khuzaie/Getty Images/Veja