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maternidadePara realizar partos cesáreos este mês, a Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) precisou pedir ampolas de anestésico emprestadas para uma maternidade particular, em Teresina. A ausência de produtos não atingiu somente o anestésico, pois o local também registrou falta de material básico, como luvas, seringas e fios para realizar alguns procedimentos cirúrgicos. O armário está praticamente vazio. O alerta é ainda maior porque é realizado pelo menos 25 cirurgias por dia, de acordo com os médicos. Há ainda a falta de um produto próprio para a assepsia e evitar infecções no pós-operatório.

 

A superlotação é outro problema: quatro bebês continuam internados no centro cirúrgico porque não vagas na UTI Neonatal. Também ocorre o mesmo com as mães. Uma das mães está com um bebê morto dentro da barriga em decorrência de uma doença, mas não tem como passar por operação sem material. Ela corre risco de vida.

 

“Está faltando luva para procedimentos, como os de puncionar veias e trocar pacientes, nós só temos sete ampolas anestésicos para cesarianas. Hoje a gente vive em uma situação gritante, alarmante, porque não tem como eu operar as pacientes que vão chegar”, disse a obstetra Goriethe Girão.

 

A obstetra Fabiana Soares alertou que “nunca viu a maternidade nesta situação”. “Hoje nós assumimos o plantão 7 horas sem a mínima condição de trabalhar, com a sala de partos e de recuperação lotados além da capacidade normal. A gente não tem nem fio pra sutura”, disse.

 

Outro problema é a falta de pagamento dos médicos substitutos, que estão sem receber desde setembro. Alguns já entregaram os plantões.

 

O problema da maternidade tem sido acompanhado pelo Ministério Público do Piauí, a visita mais recente foi na segunda-feira (18). A promotora Karla Furtado Carvalho esteve no local e conversou com funcionários e pacientes. Ela declarou que durante a visita foi detectado a falta dos produtos. A promotora entrou em contato com a Sesapi, que informou a adoção de medidas emergências para solucionar os problemas.

 

O diretor da MDER, Francisco Macedo, reconhece o atraso de pagamento dos médicos, mas negou a falta de material básico para cirurgias. As imagens divulgadas seriam da farmácia da maternidade contendo fios e anestesia.

 

“Essa história que está faltando material não existe, o que existe e vai continuar existindo é a superlotação. Você chega em uma maternidade superlotada e nós não onde colocar a paciente, ela vai ter que ficar esperando. Há uma insatisfação por atraso de pagamento dos profissionais, que ontem nós já tivemos com o secretário (de Saúde) Florentino, equacionamos essa questão. Agora tem que seguir um roteiro o pagamento”, disse o diretor.

 

Após a denúncia, os médicos relataram que chegaram a receber alguns materiais, mas as ampolas de anestesia continuam com a quantidade abaixo do ideal.

 

cv