A prisão de 16 brasileiros nas Bahamas, esta semana, reforçou a suspeita de que está sendo desbravada uma nova rota de imigrantes ilegais para os EUA, via Caribe. Catorze estavam num barco em áreas territoriais do país; dois estavam em terra. São 13 homens e três mulheres: sete de Minas, cinco de Goiás, um do Piauí, um do Maranhão, um de Mato Grosso e um de Mato Grosso do Sul.
Dois já voltaram para o Brasil ontem e os demais devem embarcar na próxima terça-feira, 18. Com os relatos dramáticos de imigrantes presos e até mortos na fronteira dos EUA com o México, o governo brasileiro trabalha com a possibilidade de um desvio para o Caribe das quadrilhas especializadas em tráfico de ilegais.
As pequenas ilhas têm várias “facilidades”, como alta rotatividade de estrangeiros e a proximidade com a Flórida.
Isso é potencializado pela abertura de voos de Brasília, São Paulo e Rio, por exemplo, para alguns dos países. A Gol, por exemplo, tem voo direto de Brasília para Curaçau. No caso das Bahamas, a maior vantagem como rota para os EUA é que o pequeno país, a 286 km a sudoeste de Miami, é uma ilha paradisíaca, que vive quase que exclusivamente do turismo e dispensa o visto para brasileiros.
Basta mostrar, na chegada, o bilhete de ida e o de volta para ter o direito a 15 dias de estada.
Por mar
O transporte dos ilegais para a Flórida é feito principalmente por mar, pois há um acordo bilateral com os EUA pelo qual os trâmites da imigração são feitos no próprio aeroporto de Nassau, a capital. Como a costa e os portos são mais porosos, as quadrilhas dão preferência a barcos.
Dos 16 brasileiros presos, 14 estavam sendo transportados num barco de tripulação norte-americana, cujo comandante tinha três documentos falsos de identidade. Os outros dois estavam em terra, mas foram delatados pelos demais.
Além de brasileiros, havia imigrantes ilegais chineses a bordo quando a Guarda Costeira, alertada por uma denúncia anônima, abordou o barco ainda próximo à costa de Nassau. A embaixada brasileira na ilha tem prestado informações a parentes e amigos, que ligam de diferentes cidades dos EUA, e está dando assistência aos presos, descritos como pessoas simples, com forte sotaque interiorano.
Cruzeiro
A PF detectou a nova rota no último ano, rastreando brasileiros que voam até as ilhas do Caribe, sobretudo Saint Martin. De lá, muitos tentam ingressar nos EUA em cruzeiros de luxo. Duas opções para se chegar ao Caribe são Bogotá e Lima, passando pelo Panamá. Já há relatos de brasileiros em busca de barcos.
Apesar das novas rotas, a PF detectou queda no total de brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos EUA, por conta da boa fase econômica brasileira e da dificuldade de se atravessar as protegidas fronteiras.
Folha