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Os movimentos mais simples do corpo humano requerem grandes esforços das articulações. Até mesmo a realização de tarefas domésticas com forte intensidade pode resultar em uma inflamação do nervo ciático, uma dor que tende a se prolongar caso os cuidados necessários não sejam tomados.

nervociatico

O nervo ciático é o maior do corpo humano em comprimento e diâmetro. Ele tem origem na coluna lombar e é responsável pelas articulações dos quadris e de a toda a região muscular das pernas. Seu trajeto se inicia na área dos glúteos, passando por trás das coxas e dos joelhos até chegar aos pés. Quando as raízes do nervo ficam comprimidas ou inflamadas – quadro também conhecido como ciatalgia –, surge a dor, um sinal de que está na hora de procurar ajuda especializada. Causas

Segundo o fisioterapeuta Bernardo Sampaio, diretor clínico do ITC Vertebral (Instituto de Tratamento de Coluna Vertebral), duas causas levam ao processo inflamatório da região ciática: “Uma é a compressão de uma das raízes nervosas na coluna lombar [a junção de algumas raízes compõe o nervo ciático], a outra é a compressão do nervo na região glútea por um músculo chamado piriforme, ocasionando a síndrome do piriforme”.

O fisioterapeuta destaca que fatores como crises lombares pregressas, sedentarismo, tabagismo e histórico familiar podem aumentar os riscos de a pessoa ter inflamação ciática. O ortopedista Raphael Marcon, chefe do Grupo de Coluna e Deformidades do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), explica que a causa da inflamação depende da faixa etária.

“Em adultos jovens, [a crise] normalmente está relacionada às hérnias de disco, que causam compressão das raízes nervosas. Em idosos, [está relacionada] ao estreitamento do canal onde passam os nervos, por conta dos processos degenerativos da coluna.”

Marcon também explica que a ciatalgia pode vir acompanhada da perda de força no membro afetado e parestesia [formigamento ou queimação do membro, por exemplo]. O médico reforça que na segunda fase aguda da crise são usados medicamentos anti-inflamatórias e analgésicos para aliviar os sintomas. Os especialistas advertem que todo mundo está sujeito a essa inflamação, incluindo grávidas durante o período da gestação, em decorrência de alterações hormonais.

Dor pélvica e lombar podem podem acometer gestantes, já que o peso da barriga sobrepesa a coluna, podendo inflamar o nervo ciático. Sintomas

Além da dor intensa na área dos glúteos até os pés, pode haver formigamento, queimação, dormência, fraqueza nas pernas ou nos pés, dores no músculo piriforme, sensação de pontadas e choques e dificuldade para andar, descreve o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.

A dor pode começar em um local do corpo e se deslocar para outro, geralmente ao longo do trajeto do nervo, chamada de dor irradiada, ainda de acordo com o guia médico.

Quando o quadro se torna mais grave, a inflamação pode causar hérnia de disco, osteoartrite e lesões. Diagnóstico

A ciatalgia não é hereditária, ela "está relacionada aos processos degenerativos que ocorrem na coluna [tanto a hérnia quanto a estenose do canal no idoso]”, esclarece o ortopedista Raphael Marcon.

O fisioterapeuta Bernardo Sampaio destaca que “o profissional médico ou fisioterapeuta deve, no primeiro atendimento, realizar a anamnese [questionário com o paciente], entendendo a queixa dele, sinais e sintomas e realizar os testes clínicos que comprovem a condição”.

Ele também afirma que, caso haja necessidade, deverá ser solicitado um exame de imagem, como a ressonância magnética, para a confirmação do diagnóstico.

A tomografia computorizada e exames eletrodiagnósticos (dos nervos e músculos) ajudam a identificar anomalias na coluna vertebral que estão causando a dor ciática, complementa o Manual MSD. Tratamento

Uma vez que a pessoa seja diagnosticada com a inflamação do nervo ciático, podem ser usados analgésicos, anti-inflamatórios, além do tratamento com fisioterapia para aliviar a crise.

Em casos extremos, há a possibilidade de cirurgia quando o tratamento-padrão não responde aos resultados esperados.

Marcon reitera que a cirurgia pode ocorrer “no caso das estenoses de canal dos idosos ou em casos de hérnia de disco em que a dor não melhora após seis a oito semanas de tratamento ou quando o paciente começa a ter perda de força progressiva. Hérnias volumosas também podem levar, em casos raros, à perda do controle dos esfíncteres [músculos da região anorretal], o que caracteriza uma urgência”.

“Mas somente 5% dos casos comprovados de hérnia de disco não melhoram com tratamento conservador e necessitam de cirurgia”, completa o ortopedista. Prevenção

Como nem sempre é possível evitar a inflamação ciática, diminuir os riscos do seu surgimento é uma alternativa positiva. Manter-se ativo com exercícios físicos é uma boa estratégia não só para prevenir a dor do nervo ciático, mas também outras doenças.

O fisioterapeuta defende "três pilares básicos" para quem deseja evitar problemas desse tipo.

"Mobilidade e flexibilidade, força e resistência muscular, e controle motor. Isso, claro, associado a se manter ativo, procurar sono regenerativo, hidratação e alimentação saudável.”

Marcon também fala sobre a importância das atividades físicas. “O exercício físico é um fator protetor para a coluna, podendo evitar esses quadros”, diz

R7

Foto: Freepik