Uma pequena amostra de sangue é capaz de revelar uma série de informações sobre o corpo humano, e entre estas possibilidades está a de sinalizar a ocorrência de doenças que vão desde diabetes à alterações no funcionamento da medula óssea.
Apesar de ser conhecido como o exame mais completo, o hemograma avalia apenas as células sanguíneas, o que compreende os glóbulos brancos e vermelhos, e as plaquetas, segundo o cardiologista e clínico geral Hélio Castello. “As células vermelhas são as que carregam oxigênio, o que chamamos de hemácias. Se estiverem baixas, determinam algumas doenças como os diferentes tipos de anemia. Mas se estiverem muito altas, se faz o diagnóstico das policitemias, que são doenças mais raras, geralmente autoimunes, que causam uma proliferação maior das células vermelhas do sangue, favorecendo a formação de coágulos”, explica o médico.
Já os glóbulos brancos, também chamados de leucócitos, são as células de defesa do organismo. Quando o hemograma indica uma variação em níveis muito altos destes glóbulos, pode ser sinal de uma infecção viral ou bacteriana, ou mesmo de leucemias e inflamações. Por outro lado, se os leucócitos estiverem em baixa, podem indicar uma queda da imunidade, desnutrição ou doenças do baço e da tireoide. “A queda dos glóbulos brancos, que chamamos de neutropenia ou leucopenia, podem ser causadas também por alguns tipos de infecção, por desnutrição, por algumas doenças autoimunes e da medula óssea, como a aplasia, por exemplo”, destaca Castello.
A aplasia medular, segundo o médico, é quando a medula óssea, responsável por produzir as células sanguíneas, não consegue produzi-las em quantidade suficiente, causando alguns tipos de leucemia.
Uma alteração nas células brancas do sangue também pode indicar um caso importante de verminose ou uma reação alérgica no corpo, quadros que provocam um aumento do glóbulo chamado de eosinófilo. Vale ressaltar, no entanto, que o hemograma não é capaz de identificar qual substância provocou a alergia, para isso é necessário realizar outros exames.
As plaquetas, por outro lado, se identificadas em deficiência ou em quantidades exageradas, podem representar problemas na coagulação, aumentando as chances de formar coágulos nos vasos sanguíneos, no caso de estarem em níveis muito altos.
Além disso, por meio de amostras sanguíneas também é possível dosar substâncias e, a partir dos resultados, identificar problemas como diabetes, hepatite, mau funcionamento do ruim e até mesmo a regulação dos hormônios do corpo. Neste caso, não se trata do hemograma, mas de outras formas de análise sanguínea.
O exame de sangue realizado para diagnóstico de Covid-19, por exemplo, é utilizado para observar a sorologia, isto é, se o corpo iniciou o processo de produção de anticorpos.
“Uma vez que uma pessoa é contaminada por um vírus, o organismo começa a produzir anticorpos ou imunoglobulina, que podem ser [chamadas de] M ou G. A M acontece no início da infecção, então ela diz se a pessoa está com Covid, se teve a doença há pouco tempo ou se recebeu a vacina, porque a vacina inicia a produção de anticorpos”, explica o médico.
Castello ressalta que, apesar de contribuírem para o diagnóstico, os exames sanguíneos não são capazes de definirem sozinhos qual o real quadro de saúde do paciente.
“Nenhum exame substitui uma um bom exame clínico e uma boa conversa com o médico, é a partir disso que vemos qual o melhor exame para confirmar aquela hipótese diagnóstica. Por isso chamamos esses exames de secundários ou exames confirmatórios. Não são eles que dão diagnóstico, mas sim o conjunto de tudo”, afirma o clínico.
R7