Estudos da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU) mostraram que 8% dos pacientes com sintomas de forma leve da Covid-19 e saudáveis podem ter episódios de positividade prolongada,quando o coronavírus continua sendo detectado no organismo, mesmo com o fim dos sintomas. Porém, mais estudos ainda são necessários para avaliar a capacidade de transmissão do vírus em casos de infecção prolongada.

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Segundo Marielton dos Passos Cunha, pós-doutorando na SPPU e também primeiro autor do artigo,mostram que os resultados levantam uma discussão sobre a necessidade da realizar testes após os 14 dias de afastamento do indivíduo infectado, para confirmar se o vírus foi de fato eliminado.

Até então, outros estudos sobre positividade prolongada mostravam pacientes com quadros de imunossupressão, associada a alguma doença ou a um transplante, o que explica a dificuldade no controle da infecção. “Já a nossa pesquisa trata de pacientes saudáveis, com defesa natural contra o vírus. Alguns fatores do hospedeiro podem estar ligados a essa positividade prolongada, como estado nutricional, condição imunológica e idade”, afirma o cientista.

O estudo faz parte do monitoramento do SARS-CoV-2 na região metropolitana de São Paulo, onde amostras foram coletadas no período de março a novembro de 2020.Pacientes selecionados positivos com sintomas leves para participar do estudo. “Nós coletamos amostras desses pacientes a cada semana para testagem. Três pacientes foram classificados como atípicos, pois se mantiveram positivos por mais tempo”, explica Cunha. Um dos pacientes é portador de HIV e testou positivo por 232 dias; já os outros dois testaram positivo durante 71 e 81 dias. No entanto, os indivíduos estiveram assintomáticos na maior parte do tempo.

Devido a alta durabilidade da infecção, os cientistas conseguiram caracterizar toda a sua duração, no momento da última coleta, os pacientes testaram negativo. “Isso significa que o próprio sistema imune, apesar de ter alguma dificuldade inicial, conseguiu eliminar o vírus.”aponta Cunha

Agora é necessário entender qual será o impacto epidemiológico desse fenômeno e se os vírus que continua no organismo têm a capacidade ou não de estabelecer uma nova infecção em outro hospedeiro.

@Miriam Rosa/R7

Foto: reprodução:crfrs.org.br