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O Brasil foi celeiro para o surgimento de novas variantes do coronavírus. Isso é o que mostra um artigo científico publicado por pesquisadores brasileiros no periódico Viruses na sexta-feira (10). O país apresenta taxas de mutação semelhantes às da África do Sul e Índia. "Tais regiões são, de fato, hotspots [bercários] para o surgimento de novas variantes, especialmente quando as restrições sociais não são aplicadas de forma estrita, levando ao aumento da circulação viral", aponta o artigo.

O estudo mostra a presença de 61 linhagens do SARS-CoV-2 nas cinco regiões brasileiras, com alta predominância da variante Gama até junho deste ano. Esta cepa foi identificada pela primeira vez na Amazônia. O continente africano está emergindo como um hotspot para novas variantes, também revela a pesquisa. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera, no momento, quatro variantes de preocupação: Alfa (Reino Unido), Beta (África do Sul), Gama (Brasil) e Delta (Índia). Segundo o órgão, a variante Delta já é predominante no mundo. No Brasil, foi comprovado que a cepa já prevalece nas cidades de São Paulo e no Rio de Janeiro.

"Mutações virais são eventos probabilísticos causados ​​pela transmissão aleatória de um vírus entre pessoas infectadas. A carga viral é variável e depende de fatores como o curso da infecção e a imunidade do hospedeiro. Alguns indivíduos são 'super propagadores', o que significa que variáveis ​​comportamentais e ambientais são relevantes para a infectividade, aumentando o sucesso da transmissão", descrevem os pesquisadores.

O estudo mostra uma alta distribuição das variantes Gamma e Zeta - chamada de P.2, identificada pela primeira vez no Brasil - em quase todos os estados brasileiros. As linhagens Gamma e Zeta foram representadas por genomas de 26 estados e não foram registradas apenas no Mato-Grosso, o que pode estar relacionado "à baixíssima taxa de sequenciamento neste estado", aponta.

Em relação à distribuição entre as cinco regiões brasileiras, no Sudeste há grande proporção de Gamma (8.123 genomas), Zeta (941 genomas), B.1.1.28 (707 genomas), B.1.1.33 (644 genomas) e Alpha (374 genomas). Na região Sul, a linhagem mais prevalente foi Gamma (827 genomas), seguida por Zeta (336 genomas), B.1.1.33 (301 genomas), B.1.1.28 (283 genomas) e P.1.2 (59 genomas). Já na região Nordeste, Gamma também foi a linhagem mais prevalente (689 genomas), seguida por Zeta (417 genomas), B.1.1 (206 genomas), B.1.1.33 (180 genomas) e B.1.1.28 ( 145 genomas). Na Centro-Oeste, as linhagens mais prevalentes foram Gamma (585 genomas), Zeta (158 genomas), B.1.1.28 (69 genomas), B.1.1.33 (63 genomas) e Alpha (23 genomas).

R7