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Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros aponta que a vacina CoronaVac foi 42% efetiva "no cenário de mundo real" contra a Covid-19, considerando apenas pessoas vacinadas com mais de 70 anos e em um período de extensa transmissão da variante P.1., detectada inicialmente em Manaus. Além disso, o estudo concluiu que a proteção contra a doença só se torna efetiva 14 dias após a aplicação da segunda dose e que a imunidade adquirida diminui conforme aumenta a idade do grupo imunizado (veja percentuais abaixo).

O estudo foi publicado em uma plataforma de pré-prints, ou seja, é uma versão prévia que ainda não passou pela revisão de outros cientistas, nem foi chancelado por uma revista especializada. A pesquisa foi conduzida por pesquisadores reunidos no grupo Vaccine Effectiveness in Brazil Against COVID-19 (Vebra Covid-19) e foi apoiada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Considerando os dados 14 dias após a 2ª dose, a efetividade foi de:

70-74 anos - 61,8% de efetividade (com intervalo de confiança de 95%, indo de 34,8 a 77,7), 75-79 anos - 48,9% (com intervalo de confiança de 95%, indo de 23,3 a 66,0) 80 anos ou mais - 28,0% (com intervalo de confiança de 95%, indo de 0,6 a 47,9)

Esses achados ressaltam a necessidade de manter intervenções não farmacêuticas (máscaras, distanciamento social e higiene das mãos) enquanto a vacinação em massa com CoronaVac é usada como parte de uma resposta epidêmica.

A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado. No caso, a eficácia final dos estudos foi de 62,3%. Já a taxa de efetividade reflete o impacto real da vacina na população. Em outras palavras: mede o quanto a vacina consegue reduzir os casos de uma doença na vida real. Os dois números não são comparáveis entre si. O pesquisador Julio Croda disse ao G1 que o resultado era esperado, mas ao mesmo tempo vai exigir acompanhamento da aplicação da vacina nos próximos meses.

"Geralmente, os idosos respondem pior à vacinação. É assim para a Influenza também. Teremos que, muito provavelmente, discutir com os dados de hospitalização e óbitos se devemos ou não priorizar esse grupo para revacinação quando isso (queda da efetividade) começar a acontecer" - Julio Croda, que assina a pesquisa. Os pesquisadores conduziram o estudo entre 17 de janeiro e 29 de abril de 2021, com adultos com mais de 70 anos do estado de São Paulo. Ao todo, os autores contaram com a participação de 7.950 pessoas com uma idade média de 76 anos — os idosos estavam divididos em pares para comparação dos resultados, com pacientes com Covid e um grupo controle, sem o teste PCR negativo para o coronavírus.

G1