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Logo no início da pandemia, o plasma convalescente surgiu como uma opção de tratamento e os estudos para validar sua eficácia continuam. Os mais recentes mostraram uma associação entre a quantidade de anticorpos no plasma transfundido e o riso de mortalidade; e a relação entre o início do tratamento e o agravamento do quadro. Ambos os estudos foram publicados na New Englan Journal of Medicine. No primeiro deles, pesquisadores da Mayo Clinic em Rochester, nos Estados Unidos, descobriram que quanto maior o nível de anticorpos no plasma, menor o risco de mortalidade de pacientes hospitalizados.

O estudo se baseou na análise de 3.082 pacientes que faziam parte do Programa Nacional de Acesso Expandido para Convalescença de Plasma. Os pacientes receberam o tratamento até três dias a internação e 65,3% não estavam sob ventilação antes da transfusão de plasma convalescente. A maior parte (69%) tinha menos de 70 anos de idade. No início do tratamento, os pesquisadores não sabiam a quantidade de anticorpos presente no plasma recebido por cada paciente. Por outro lado, não houve efeito na mortalidade entre os pacientes que estavam intubados. Vale ressaltar que este foi um estudo observacional e não uma pesquisa clínica. Isso significa que não houve grupo controle e os resultados precisam ser encarados com cautela.

Remédios contra Covid-19: o que funciona e o que é melhor deixar para lá Outro estudo, um pequeno, mas rigoroso ensaio clínico realizado na Argentina, mostrou que a administração precoce do plasma reduz o risco de agravamento da doença. Os pesquisadores do Grupo Fundación INFANT – COVID-19 chegaram a essa conclusão após analisarem dados de 160 pacientes. Os participantes foram divididos em dois grupos: 80 pessoas receberam uma infusão de plasma e a outra metade recebeu uma solução salina. Todos tinham pelo menos 65 anos de idade e cerca de metade dos participantes também apresentava problemas de saúde. Todo o plasma administrado continha altos níveis de anticorpos e a transfusão era realizada até três dias após o início dos sintomas.

Os resultados mostraram que aqueles que receberam o plasma apresentaram uma redução de 48% no risco de desenvolver Covid-19 grave. Esse é um dos primeiros ensaios clínicos bem elaborados a mostrar os benefícios da terapia. "Nossos resultados ressaltam a necessidade de retornar à abordagem clássica de tratamento precoce de infecções virais agudas e definem alvos de IgG que facilitam a seleção do doador. [...] Essa intervenção simples e barata pode reduzir as demandas do sistema de saúde e pode salvar vidas. Infusões precoces de plasma convalescente podem fornecer uma ponte para a recuperação de pacientes em risco até que as vacinas se tornem amplamente disponíveis", escrevem os pesquisadores.

O tratamento consiste em infundir plasma sanguíneo de pessoas naturalmente recuperadas da doença em pacientes que ainda estão doentes. O princípio do recurso médico é simples: os anticorpos, os fiéis escudeiros contra invasores, que nadam no plasma de uma pessoa já imune, ao serem transferidos para outro organismo, passam a trabalhar avidamente. Nos Estados Unidos, a terapia já está aprovada em caráter emergencial, para pacientes hospitalizados. No Brasil, apenas em protocolos de pesquisa clínica.

 

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