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Pesquisadores identificaram, pela primeira vez, duas pessoas infectadas simultaneamente por linhagens diferentes do novo coronavírus. Os casos ocorreram no Rio Grande do Sul. O estudo também detectou uma nova linhagem do vírus.

A pesquisa foi realizada por cientistas do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburo, no Rio Grande do Sul, e do Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

 

A coinfecção, que é uma infecção simultânea por vírus com genomas distintos, foi identificada em dois casos clínicos ocorridos no final de novembro. A coinfecção com a variante E484K não havia sido descrita até o momento, de acordo com o estudo.

"A preocupação é porque a mistura de genomas de diferentes vírus coinfectando o mesmo indivíduo, a chamada recombinação, é um dos fenômenos que está na base da evolução de coronavírus. Mas, apesar da coinfecção, os dois pacientes tiveram um quadro de covid-19 de leve a moderado e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização”, afirmaram os pesquisadores, por meio de nota.

Os genomas sequenciados foram depositados em bases internacionais e o estudo foi submetido a um periódico científico, segundo a Universidade Feevale. Além dos dois casos de coinfecção, o estudo identificou cinco linhagens do novo coronavírus que estão circulando no Rio Grande do Sul, sendo uma nova, denominada VUI-NP13L.

"Os estudos realizados com amostras do Rio Grande do Sul geram preocupação devido à possibilidade de dispersão do vírus para outros Estados e países vizinhos da América do Sul. A Região Metropolitana de Porto Alegre concentra o maior número de casos, por isso a análise do genoma ajuda a entender melhor a dinâmica, a estrutura populacional e as cadeias de transmissão locais do vírus", afirmaram os pesquisadores, por meio de nota.

A pesquisa foi realizada a partir de amostras de pacientes de 40 municípios do Rio Grande do Sul. Para esse estudo, foram selecionadas 92 amostras com faixa etária de 14 a 80 anos, sendo 50% homens e 50% mulheres.

Os cientistas informam que estão conduzindo experimentos in vitro com a nova linhagem. "Esses experimentos incluem isolamento viral e investigação sobre neutralização ou não por anticorpos presentes no soro de pacientes infectados e recuperados".

O estudo ainda confirmou a disseminação da variante E484K na proteína S, mesma mutação do coronavírus identificada no Rio de Janeiro em dezembro de 2020.

"Isso é preocupante, pois sabe-se que essa mutação pode estar associada a um escape de anticorpos formados contra outras linhagens do vírus. É mais uma evidência que essas novas linhagens podem causar problemas mesmo em pessoas que já tenham uma imunidade prévia contra o Sars-Cov-2” , afirma o professor Fernando Spilki, pesquisador que coordena o estudo na Feevale.

 

R7