Embora existam casos graves do novo coronavírus entre crianças, sabe-se que a doença afeta os pequenos em um percentual muito mais baixo - e com menor gravidade - do que as demais faixas etárias. De acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) citado pelo site Elemental, nos Estados Unidos, onde 1,2% da população são crianças menores de um ano de idade, eles respondem por apenas 0,27% dos testes positivos.
Mas por que será que os bebês são mais resistentes à covid-19?
Essa pergunta tem motivado cientistas de todo o mundo a estudar o comportamento do vírus no organismo de crianças infectadas, já que a forma como os bebês reagem ao novo coronavírus pode ajudar a ciência a encontrar novos tratamentos para a doença em adultos.
Com esse intuito, médicos do Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie, de Chicago, nos EUA, avaliaram 18 crianças previamente saudáveis com menos de 90 dias de idade, que tiveram resultado positivo para a covid-19.
De acordo com o estudo, publicado na edição deste mês do The Journal of Pediatrics, nenhuma delas apresentou sintomas graves, nem precisou de oxigênio ou suporte respiratório. Congestão nasal foi observada em 28%, tosse em 44% e vômito ou diarreia em 22%. Apesar da pequena amostra, os dados podem trazer contribuições importantes para a pesquisa.
Os cientistas têm algumas teorias que podem ajudar a explicar por que o novo coronavírus é inofensivo para bebês saudáveis. Um deles tem a ver com o receptor que o SARS-CoV-2 usa para entrar nas células humanas. A expressão desse receptor, denominado ACE2, varia com a idade e está menos presente em bebês e crianças do que em adultos.
“Uma hipótese adicional proposta para a infecção leve em crianças pequenas é sua forte capacidade de montar respostas imunes primárias mediadas por células T”, diz o pediatra Petter Brodin, MD, PhD, pesquisador do departamento de saúde infantil e feminina do Instituto Karolinska Na Suécia. As células T, junto com os anticorpos, fazem parte do nosso sistema imunológico adaptativo, cuja função é atacar patógenos como o SARS-CoV-2. O fato de que os bebês têm um grande repertório de células T, que são capazes de reconhecer novos invasores e se desenvolver em células matadoras maduras, é provavelmente importante para explicar sua resposta eficaz ao vírus, diz Brodin ao Elemental.
Outra teoria é que crianças pequenas, incluindo bebês, podem ter uma exposição mais recente aos coronavírus do resfriado comum, que podem modular sua resposta imunológica à infecção por SAR-CoV-2.
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