Um aviso para os que não podem passar sem uma soneca depois do almoço, e também para aqueles que invejam a siesta espanhola do meio da tarde: no fim do mês passado, a Sociedade Europeia de Cardiologia, que reúne profissionais de 150 países, alertou para o risco de cochilos que durem mais de uma hora. Apesar de ser um hábito generalizado no mundo todo, principalmente em lugares onde o calor chega a ser insuportável depois do meio-dia, a atividade, ou melhor, a inatividade tem contraindicações. Segundo o médico Zhe Pan, da Universidade Guangzhou, na China, “é senso comum que tirar uma soneca melhora o desempenho e neutraliza os efeitos negativos das horas de sono perdidas à noite, mas nosso estudo vai de encontro a essas opiniões arraigadas”.
O trabalho foi apresentado no congresso da entidade, realizado entre 29 de agosto e 1 de setembro, e se dedicou a analisar mais de 20 estudos, com 313.651 participantes – do total, perto de 40% tinham o costume de cochilar. O objetivo era estabelecer evidências entre o hábito e doenças cardiovasculares e morte precoce. A conclusão foi de que sonecas com duração superior a 60 minutos estavam associadas a um aumento de 30% no risco de morte precoce e 34% de doenças cardiovasculares em comparação com os que não dormiam. Quando eram somadas as horas do sono noturno, o risco só aumentava para aqueles que descansavam mais de seis horas por noite.
De um modo geral, sonecas de qualquer duração estavam ligadas ao aumento de 19% nas chances de morte precoce, com um achado mais relevante entre as mulheres: neste caso, o percentual subia para 22%. Já os cochilos breves, de menos de uma hora, não tinham conexão com o surgimento de doença cardiovascular. Ainda de acordo com o doutor Pan, poderiam inclusive beneficiar quem dorme mal à noite. Embora as causas das consequências negativas para o corpo ainda não tenham sido esclarecidas, há estudos que sugerem sua relação com altos níveis de inflamação no organismo – um perigo para a saúde do coração e para a longevidade.
Bemestar/G1