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A dislexia é um distúrbio de aprendizado que pode provocar erros de ortografia e dificuldade de leitura, de acordo com o Ministério da Saúde. Ocorre quando o cérebro tem dificuldade em fazer a conexão entre sons e símbolos, como letras. O problema afeta até 10% da população mundial, segundo a Associação Internacional de Dislexia (IDA).

Cerca de 3 milhões de casos são relatados por ano. A causa ainda não foi totalmente definida, também não há cura, entretanto, pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, sugerem um possível tratamento em um estudo publicado na terça-feira (8) na revista científica PLOS Biology.
A pesquisa foi realizada com 30 voluntários entre 18 e 47 anos de idade. Metade dos participantes tinha dislexia e a outra era composta por leitores fluentes. Eles foram monitorados durante quatro dias. No primeiro, passaram por avaliações de linguagem e desempenho cognitivo. Nos demais, receberam estimulação transcraniana de corrente alternada (tACS, na sigla em inglês) com oscilações de 30 Hz e 60 Hz.

Quando 30 Hz foi aplicado, os voluntários disléxicos tiveram melhora no processamento fonológico e na precisão de leitura imediatamente após a estimulação, de acordo com a pesquisa.
No entanto, as habilidades de leitura de quem estava no grupo de controle foram ligeiramente prejudicadas por essas oscilações. Os pesquisadores especulam que leitores rápidos podem ter desenvolvido estratégias que ignoram o processamento fonológico.

Já as oscilações de 60 Hz não causaram nenhuma melhora. A partir desse resultado, os pesquisadores acreditam que a dislexia está associada a alterações na atividade oscilatória de gama baixa (30 Hz) no cérebro. O trabalho desenvolvido na pesquisa pode levar a intervenções terapêuticas não invasivas para tratar o distúrbio de aprendizagem, de acordo com eles.

"Os próximos passos são investigar se a normalização da função oscilatória em crianças muito pequenas poderia ter um efeito duradouro na organização do sistema de leitura, mas também explorar meios ainda menos invasivos de corrigir a atividade oscilatória, por exemplo, usando o treinamento de neurofeedback", afirma Silvia Marchesotti, do Departamento de Neurociências da Universidade de Genebra e uma das autoras do estudo, em entrevista ao portal Big Think.

Uma sessão de tCAS dura horas ou até dias, mas não garante uma mudança de longo prazo, o que poderia ser resolvido com várias sessões, dizem os pesquisadores. Eles também apontam que o tACS melhorou a precisão da leitura, mas não a velocidade com que ela é feita.

 

R7