Uma notícia que circula nas redes sociais afirma que o laser infravermelho dos termômetros utilizados na porta de estabelecimentos comerciais como forma de prevenção à covid-19 pode causar danos ao cérebro e à glândula pineal, que produz o hormônio melatonina, que regula o ciclo do sono. A informação atribuída a uma suposta enfermeira australiana é falsa e não tem nenhum indício científico, segundo o infectologista Marcelo Otsuka, da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Ele explica que o laser não tem capacidade de atravessar a pele nem a calota craniana. “Esses instrumentos são largamente testados e avaliados. Não haveria razão para ter essa autorização se ele tivesse algum perigo. Tem autorização da Anvisa, da Organização Mundial da Saúde, do grupo europeu…”.
O infectologista alerta que o aparelho não deve ser apontado diretamente para os olhos. “Aí sim poderia causar uma lesão na retina, mas, se usado adequadamente, não traz riscos", afirma.
Segundo o médico, esse tipo de termômetro é o mais indicado como forma de prevenção na porta de estabelecimentos, pois evita o contato entre as pessoas. “Ele tem vantagens e desvantagens. A grande desvantagem é que ele não é tão sensível, então pode dar diferença na medição se for feito muito de longe.”
O médico explica que essa é uma medida importante de prevenção enquanto junção de fatores. “Tudo que você puder fazer para minimizar o risco vale, mesmo sabendo que apenas 20% a 30% das pessoas vão apresentar febre.”
Segundo ele, cerca de 60% das crianças infectadas não vão apresentar manifestação nenhuma; entre as que apresentam sintomas, de 30% a 40% vão ter febre. Entre os adultos, de 40% a 50% não apresentam sintomas.
“O termômetro tem que ser utilizado, mas junto com outras medidas de prevenção, como o distanciamento, o uso de máscaras e a higiene das mãos, que nesses locais é mais fácil por meio do álcool em gel. Além disso, principalmente, a consciência de que se eu tenho contato com alguém que está doente ou eu apresento sintomas, não devo sair de casa.”
R7