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O avanço da epidemia de covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus SARS-CoV2) no Brasil impõe a necessidade de isolamento social e cuidados adicionais aos chamados grupos de risco.

Uma vez infectadas, essas pessoas têm mais chances de desenvolverem complicações. As taxas de letalidade da covid-19 entre indivíduos com comorbidades (doenças de base) são mais altas do que a média.

O novo coronavírus mata, em média, 3,7% das pessoas infectadas em todas as faixas etárias. Mas entre indivíduos acima de 70 anos essa taxa pode chegar a 20%.

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Idosos
"O caminho que nós temos é um caminho longo, teremos em torno de 20 semanas, a partir do surto epidêmico, que serão extramente duras, para as famílias, para as pessoas. Cuidem dos idosos. É hora de filho, filha cuidar de pai, mãe, avó, tia-avó", clamou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira (17).

Pessoas acima de 60 anos são consideradas de risco porque a própria idade já faz com que a capacidade do sistema imunológico de combater infecções seja menor, explica o infectologista Antônio Carlos Nicodemo, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

"O idoso, dependendo da faixa etária, pode ter uma imunossupressão relacionada ao avançar da idade naturalmente. A resposta imune é diferente e deficiente para algumas doenças, mesmo que não tenha doenças relacionadas."

O médico cita como exemplo a situação da Itália, que tem uma grande população idosa e onde a taxa de letalidade da covid-19 é maior do que nos demais países: 10,3%.

"A gente entende que o idoso é mais suscetível a formas graves e com maior risco de óbito, principalmente nas idades mais avançada", ressalta o médico.
Algumas doenças crônicas, como diabetes e hipertensão também pode agravar a covid-19.

Nicodemo explica que se o indivíduo for insulinodependente e o nível de glicose no sangue estiver estabilizado, não há grandes preocupações.

O risco maior é para pessoas que, por muito tempo, permaneceram ou permanecem com níveis altos de açúcar no sangue. "Depois de um tempo de evolução, a diabetes causa danos em alguns órgãos ou sistemas do organismo."

Ser infectado pelo coronavírus poderia causar uma sobrecarga, eventualmente, em algum órgão já comprometido.

A situação é semelhante para indivíduos hipertensos. "A hipertensão não controlada, mais severa, causa dano ao coração, dilatação de câmaras, insuficiência cardíaca e mesmo dano renal, fatores que se somam e entram em falência", em uma eventual infecção.

Outras doenças crônicas que preocupam são as pulmonares. Por frequentemente provocar pneumonia, a covid-19 pode agravar quadros pré-existentes.

As mais comuns e graves são enfisema pulmonar e DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). Mas também entram no grupo de riscos indivíduos com bronquite, incluindo aqueles asmáticos.

"Todas essas pessoas têm algum déficit de função pulmonar", esclarece o médico.

Também já está comprovado que o coronavírus pode evoluir para um quadro chamado miocardite (inflamação do músculo do coração), causada "pelo próprio vírus ou fazendo parte de um quadro inflamatório sistêmico", diz Nicodemo.

Por isso, pessoas que tenham histórico de infarto agudo do miocárdio e outras doenças cardiovasculares precisam ter proteção extra contra o coronavírus. A miocardite pode levar à morte.

"O estresse agudo da infecção [pelo coronavírus] sobrecarrega outros setores do organismo, inclusive o coração", afirma o infectologista.

"Às vezes tem o pulmão preservado, mas tem uma doença no rim ou no coração e a situação pode se agravar se a pessoa pegar a covid-19", explica.

Indivíduos com sinusite e rinite, alérgicas ou crônicas, não são considerados como grupo de risco.

Imunossuprimidos

O organismo de pessoas imunossuprimidas tem menor capacidade de lidar com vírus e bactérias. O mais comum é em pessoas em tratamento contra câncer que fazem quimioterapia e radioterapia.

Algumas doenças autoimunes, como o lúpus, exigem medicamentos que diminuem a imunidade do paciente.

Pessoas que fizeram transplante de órgãos também precisam tomar medicamentos imunossupressores — pois diminuem a atividade do sistema imunológico para não haver rejeição do órgão. Com isso, ficam mais vulneráveis em caso de infecção por coronavírus.

Em relação aos pacientes portadores do vírus HIV, o infectologista diz que a principal preocupação é em relação àqueles que não têm controle da carga viral.

"Preocupa o indivíduo que não tem diagnóstico, que já pode ter algum comprometimento do sistema imune. Os pacientes aderentes, com vida saudável, e que tomam a medicação, de modo geral, estão em risco igual ao de outras pessoas imunocompetentes."

 

R7