Um aplicativo desenvolvido no Brasil promete mais agilidade no diagnóstico do câncer de pele, um dos tipos mais comuns no país, ao utilizar fotos tiradas com celular.
A ferramenta foi criada por desenvolvendores do Instituto de Informática da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e do IEEE (Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas).
Por enquanto, existe apenas um protótipo que está sendo testado na universidade.
“A partir da imagem capturada, esse software detecta e analisa a lesão da pele levando em conta a regularidade das bordas, as cores e o tamanho", explica o professor e coordenador do projeto Jacob Scharcanski, membro do IEEE.
"Com essas características, ele diz se a lesão é potencialmente maligna ou não”, completa.
O câncer de pele não melanoma é o mais frequente no Brasil – corresponde a 30% de todos os tumores malignos –, com 165.580 casos novos em 2018 e tem alta taxa de cura.
Por sua vez, o melanoma é o mais grave pelo alto risco de apresentar metástase, mas corresponde a apenas 3% dos casos de câncer de pele. A estimativa foi de 6.260 novos casos em 2018. Os dados são do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Hoje, o diagnóstico de lesões de pele é feito com um aparelho especializado chamado dermatoscópio. Ele só pode ser usado por dermatologistas treinados.
Já o aplicativo poderá ser utilizado por outros profissionais de saúde, como o clínico geral. Não é necessário ter iluminação ou qualquer outro equipamento especial.
Essa facilidade vai tornar mais rápido todo o processo pelo qual um paciente com câncer de pele deve passar – desde o diagnóstico até o tratamento. “Com isso, a chance de a pessoa ser curada é muito maior”, afirma Scharcanski.
“O clínico vai encaminhar o paciente para o dermatologista já indicando que a lesão tem potencial para ser maligna. Então, numa fila de espera do SUS [Sistema Único de Saúde], a pessoa terá alta prioridade”, exemplifica.
Ainda não existe uma previsão para que a nova tecnologia chegue ao mercado, pois isso depende de investimentos do setor privado.
“É preciso que alguma empresa tenha interesse e faça o processo de certificação. Mas se isso acontecesse hoje, dentro de um ano o produto já estaria sendo comercializado”, diz o professor.
Ele ressalta que a nova tecnologia não substitui o dermatologista. “É um auxiliar. Apenas acelera a ida da pessoa ao dermatologista, que é essencial para fazer o diagnóstico do câncer de pele."
R7