Miomas são tumores benignos que atingem a musculatura do útero. Eles costumam não apresentar sintomas até os 35 anos de idade. Alguns geram sangramentos excessivos durante a menstruação e resultam em anemia, segundo o ginecologista e obstetra César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Existem três tipos de mioma: os intramurais, que crescem na parede do útero, os subserosos, que crescem para fora do útero, e os submucosos, que se desenvolvem dentro da cavidade uterina. De acordo com Fernandes, esse último é o que mais provoca sangramento e dores e afeta a saúde.
“Muitas mulheres desenvolvem anemia por conta da perda excessiva de sangue”, afirma o ginecologista. Anemia é a redução da quantidade de hemácias no sangue, que levam oxigênio para o corpo. “Isso predispõe a mulher à fadiga, doenças infecciosas, desmaios e perda de sentidos”, explica.
O sangue de mulheres que têm miomas é mais vermelho e tem coágulos, segundo o especialista. “A menstruação aumenta em quantidade e duração e pode se estender por vários dias”, diz Fernandes.
Segundo o ginecologista, é possível desenvolver mais de um tipo de tumor ao mesmo tempo e eles são mais frequentes em mulheres negras, embora possam aparecer em todas que estejam em idade fértil.
Os subserosos, por sua vez, costumam não apresentar sintomas, exceto quando crescem. “Pode gerar um peso sobre o reto e o intestino, o que leva à dificuldade de evacuar”, exemplifica.
Fernandes acrescenta que existem situações em que esse tipo de mioma não está bem aderido à parede do útero e gera complicações. “Eles podem estar ligados apenas por um pedículo (vaso sanguíneo)”, esclarece. “Esse predículo pode torcer e dar isquemia (redução ou falta de irrigação sanguínea), necrose e dor aguda”, completa.
Há mulheres que apresentam miomas muito pequenos. Eles podem permanecer assim durante a vida toda e não afetar a saúde. “Nesse caso, precisa apenas de acompanhamento para monitorar o crescimento e eventuais sintomas”, diz Fernandes.
Ultrassonografia ginecológica
É possível fazer o diagnóstico de miomas por meio dos sintomas descritos pela paciente. “A palpação do abdome e o toque ginecológico já permitem identificar o aumento do útero”, afirma o médico.
Para uma análise detalhada, é realizada a ultrassonografia ginecológica, que mostra o tamanho e a localização do mioma.
Tratamento personalizado
O tratamento depende da idade da mulher, do desejo de engravidar, do volume e da repercussão do tumor na saúde. “Se a pessoa quer ter filhos e o mioma é pequeno ou médio, existem remédios para reduzir o volume e a quantidade de sangramento”, explica o especialista.
Entretanto, o tratamento clínico pode não obter êxito. Nesse caso, é necessário operar. “Dá para fazer uma cirurgia conservadora, que preserva o útero e mata apenas os miomas”, esclarece.
Quando a paciente está chegando na menopausa, não quer engravidar ou já teve filhos, o médico propõe a retirada do útero e das trompas. De acordo com Fernandes, depois que a mulher para de menstruar definitivamente, é pouco provável que apareçam miomas. "A tendência é que eles diminuam de tamanho", afirma.
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