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refluxoPor que o refluxo acontece? O gastrocirurgião e endoscopista Eduardo Grecco, membro da Association for Bariatric Endoscopy (ABE), explica que o refluxo é a passagem do suco gástrico para o esôfago. Isso acontece quando a válvula que separa os dois órgãos, chamada de esfíncter, falha em sua função. Como o esôfago dispõe de um ambiente menos ácido do que o estômago, esse suco, responsável pela digestão dos alimentos, machuca a mucosa desse órgão, levando a uma sensação de queimação no peito, dor, pigarro, rouquidão e até sufocamento noturno. A sensação de sufocamento ocorre quando a pessoa come alimentos pesados antes de dormir e junto com o ácido sobe, também, parte da comida.

O refluxo pode ser considerado uma doença? Sim. Segundo Grecco, 70% dos brasileiros possuem refluxo. Os casos mais simples não são considerados doença e podem ser diagnosticados com endoscopia. São tratados com medicamentos que fazem com que o estômago produza menos ácido, os chamados inibidores de bomba de próton, dietas que evitem alimentos irritantes para o estômago, como café, chocolate, bebida alcoólica, refrigerante e frituras e mudança comportamental na alimentação, como comer de 3 em 3 horas, mastigar bem os alimentos e fazer a última refeição pelo menos duas horas antes de se deitar, evitando comidas pesadas.

O uso de medicação como omeprazol para sensação de queimação é recomendado? Grecco não recomenda o uso do omeprazol o qualquer outro medicamento sem orientação médica. O uso em doses erradas ou por período prolongado pode fazer com que a pessoa não consiga absorver certos nutrientes no futuro. O médico explica que já existem estudos que comprovam que o uso indiscriminado de omeprazol tem relação com o desenvolvimento de doenças como demência. Além disso, o omeprazol pode mascarar um caso mais grave de refluxo, fazendo com que a doença evolua.


Refluxo pode ser sinal de qual doença? O gastrocirurgião afirma que caso o tratamento não funcione, o que ocorre com 25% a 30% dos pacientes, é necessário fazer outros exames para saber o que está causando o refluxo. Normalmente é feito uma manometria e ph-metria. Diferentemente da endoscopia, que é uma imagem do momento, a manometria vai verificar a movimentação, o funcionamento dos músculos, principalmente do esfíncter. Já a ph-metria verifica o nível de acidez. Pelos exames, é possível saber se o paciente tem uma alteração na coordenação do esôfago, uma fragilidade do esfíncter ou hérnia de hiato, condição anatômica em que uma pequena parte do estômago se modifica e vai para o tórax, normalmente relacionada à obesidade.

 
Como é feito o tratamento de casos mais graves? Grecco diz que o tratamento depende do quadro. Pacientes com alteração na coordenação do esôfago são tratados com medicações procinéticas, que ajudam na movimentação do órgão. Casos de fragilidade do esfíncter podem ser tratados tanto com cirurgia como com um tratamento chamado stretta. O stretta é a aplicação de radiofrequência não ablativa (que não queima) por meio de endoscopia. Os dois tratamentos têm o objetivo de fortalecer o tônus do esfíncter. A hérnia de hiato só pode ser tratada com cirurgia
Como é feito o tratamento de casos mais graves? Grecco diz que o tratamento depende do quadro. Pacientes com alteração na coordenação do esôfago são tratados com medicações procinéticas, que ajudam na movimentação do órgão. Casos de fragilidade do esfíncter podem ser tratados tanto com cirurgia como com um tratamento chamado stretta. O stretta é a aplicação de radiofrequência não ablativa (que não queima) por meio de endoscopia. Os dois tratamentos têm o objetivo de fortalecer o tônus do esfíncter. A hérnia de hiato só pode ser tratada com cirurgia.

Quando é necessário ir ao médico? Segundo Grecco, se os sintomas persistirem por mais de um dia, já é importante visitar um médico. “Se a pessoa foi em uma festa, exagerou no álcool, comeu muito salgadinho e no dia seguinte sentiu uma dorzinha, ela não precisa ir. É um caso pontual que ela consegue identificar a causa. Mas se não melhorar ou se não tiver um motivo aparente, tem que ir”, afirma. Além disso, todas as pessoas com mais de 50 anos devem fazer um exame de endoscopia e colonoscopia preventivo, caso o paciente tenha histórico familiar de câncer no sistema digestivo, a idade cai para 40 anos.


Soluço e refluxo podem estar relacionados? Sim. O soluço é causado por uma irritação no diafragma, músculo que fica entre o pulmão e os órgãos da barriga e auxilia no movimento da respiração. “Muitos pacientes com refluxo reclamam de soluço. A acidez do suco gástrico irrita o esôfago e pode irritar o diafragma também”, explica. Por outro lado, o arroto não tem relação com o refluxo. Segundo o médico, ele acontece pela ingestão de ar, seja por falar enquanto come ou por consumir bebidas gasosas.


Comer muito antes de dormir pode causar refluxo? Sim. Rocco afirma que quando a pessoa come muito, ou come alimentos muito pesados, a digestão demora mais para acontecer e o corpo precisa produzir mais ácido gástrico. A posição do corpo ao deitar favorece que esse ácido volte para o diafragma. A recomendação é que a última refeição seja feita duas horas antes de deitar. É importante que sejam alimentos leves e de digestão fácil, como sopas, cremes, frango grelhado, saladas etc. “O certo é tomar um belo café da manhã e fazer um bom almoço. O jantar tem que ser a refeição mais leve do dia”, ressalta.

 

R7

Foto: Freepik