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estatinaNa semana passada, falei da interação medicamentosa, potencialmente mais perigosa para mulheres e idosos. Volto ao tema porque uma nova pesquisa acabou de ser divulgada e mostra, pela primeira vez, a conexão entre a dosagem das estatinas, drogas para controlar o colesterol, e a osteoporose.

A osteoporose é uma doença na qual há uma diminuição da resistência óssea que leva ao aumento do risco de fratura. Nos ossos existe um ciclo no qual se dá a reabsorção do osso velho e a formação de osso jovem. Esse mecanismo é chamado de ciclo de remodelação óssea, mas o equilíbrio tende a se romper com a idade. Nas mulheres, principalmente, depois da menopausa – quando há redução na produção de estrogênio – o ciclo se altera e há mais reabsorção do que formação óssea. O resultado são ossos frágeis e propensos a fraturas. Homens acima dos 70 anos também estão sujeitos à osteoporose senil.

De acordo com um estudo da Universidade de Medicina de Viena, as estatinas, administradas em dosagens baixas, podem proteger contra a reabsorção óssea. No entanto, quanto maior a dosagem, maior a probabilidade de osteoporose.

As estatinas estão entre os fármacos mais prescritos no mundo, uma vez que, comprovadamente, ao reduzir o LDL, o colesterol ruim, há uma diminuição do risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, eventuais complicações ainda não tinham sido bem mapeadas. Coube ao médico Michael Leutner, do departamento de endocrinologia da Universidade de Viena, liderar uma pesquisa que se debruçou sobre dados de quase 8 milhões de austríacos, durante o período de um ano, todos usuários do remédio.

Pesquisa mostra conexão entre a dosagem das estatinas, drogas para controlar o colesterol, e a osteoporose — Foto: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=54182844
O doutor Leutner explicou que, apesar da relevância do papel das estatinas, o colesterol também é de “importância crucial para diversos processos no organismo, entre eles a produção de hormônios sexuais como o estradiol e a testosterona, principal hormônio sexual masculino”.

Alexandra Kautzky-Willer, outra pesquisadora do time, acrescentou: “sabemos que baixas concentrações de hormônios sexuais, especialmente a queda de estrogênio após a menopausa, são a principal causa de osteoporose nas mulheres. Há uma relação similar entre testosterona e a densidade óssea. Queremos entender se a inibição do colesterol, causada pelas estatinas, tem efeito na formação dos ossos e se há uma dosagem que muda essa correlação de forças”.

Os cientistas descobriram que, nos grupos de pacientes que tomavam doses de até 10 miligramas das estatinas lovastatina, pravastatina, sinvastina ou rosuvastatina, havia um número menor de diagnósticos de osteoporose que na população que não fazia uso do medicamento.

“No entanto, com doses de 20 miligramas ou mais, o quadro era inverso: encontramos mais casos de osteoporose em pacientes tratados com sinvastatina, atorvastatina e rosuvastatina do que o esperado. Esse resultado demonstra que o tratamento tem que ser personalizado e demanda um monitoramento contínuo”, complementou a doutora Kautzky-Willer. O trabalho foi publicado na revista “Annals of the Rheumatic Diseases”.

 

 G1