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gorduraCerca de 34% das pessoas têm gordura no fígado e esse índice está crescendo, de acordo com a médica hepatologista Bianca Della Guardia, coordenadora do Grupo Médico Assistencial de Doenças Hepáticas da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Nesta quarta-feira (12), comemora-se o Dia Internacional de Combate à Gordura no Fígado.

No passado, o principal motivo desse tipo de problema era o alcoolismo. Hoje, o avança da doença está ligado ao sedentarismo e à dieta inadequada, além de síndromes metabólicas como obesidade, colesterol alto, hipertensão e diabetes.
"A maioria dos casos está relacionado à diebetes tipo 2, que por sua vez está associada à obesidade. Há pacientes magros que têm gordura no fígado. Nesse caso, leva-se em conta um componente genético", afirma.

Ela explica que, quando uma pessoa descobre que tem gordura no fígado, tende a ficar assustada, mas nem sempre toma medidas para reverter a situação. "Estudos mostram que até a gordura avançada no fígado pode melhorar com alimentação balenceada e exercícios físicos, além do controle de fatores de risco", diz.

A gordura no fígado, chamada de esteatose hepática não alcoólica, é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Ela se desenvolve quando a quantidade de gordura que chega ao órgão é maior do que ele consegue metabolizar. "Mais de 5% de gordura no fígado já é considerada esteatose hepática não alcoólica", explica Bianca.

Caso não seja tratada, a gordura no fígado pode gerar um processo inflamatório, que, ao longo de cerca de 10 anos, cria uma cicatrização chamada fibrose. "A fibrose pode evoluir para cirrose e o fígado pode perder a sua função. Também há aumento do risco de câncer de fígado e de transplante", afirma.


Na fase inicial, a gordura no fígado não é grave, mas não deve ser negligenciada. "Caso seja detectada em exame, não se deve deixar o tratamento para depois. Grande parte dos transplantes de fígado que realizamos chegam a nós como quadros de esteatose hepática avançada".


Como se trata de uma doença silenciosa, não é possível esperar os sintomas para procurar um médico. "Quando há sintomas, como cansaço, o problema está avançado", diz.

Vale ressaltar que gordura no fígado não dá azia, náusea ou refluxo. "Esses sintomas estão associados a problemas gastro-intestinais. A gordura no fígado é uma epidemia silenciosa, assintomática, principalmente na fase inicial".

Quem tem gordura visceral, conhecida como "barriga de chope", está com sobrepeso, tem colesterol alto ou diabetes do tipo 2, associada à obesidade, deve fazer exames preventivos, que são o ultrassom abdominal e exames laboratoriais. Para esse tipo de check up, deve-se procurar um gastroenterologista, de preferência, com especialidade em hepatologia.

Segundo a hepatologista, ainda não existe medicamento para a gordura no fígado. Ela afirma que o tratamento hoje consiste em dieta balanceada e exercícios físicos.

"A alimentação deve ser rica em fibras e vegetais e pobre em gordura. É recomendável beber muita água e evitar bebidas alcoólicas. Já o café, de três a quatro doses por dia, tem efeito benéfico. Enquanto a frutose, o açúcar das frutas, em excesso, não é indicada. O suco de laranja industrializado, por exemplo, traz malefícios", diz.


Em relação à atividade física, Bianca orienta 30 minutos por dia, cinco vezes por semana. "Até um tempo atrás, era recomendado apenas o exercício aeróbico. Hoje, saba-se que a musculação também oferece benefícios".

 

R7

Foto: reprodução TV Record